Pais devem ser responsabilizados por actos de bullying dos filhos

Posição da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação surge na sequência da divulgação de um vídeo em que um jovem é atropelado ao fugir de uma alegada agressão de bullying por um grupo de colegas da escola.

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PAULO PIMENTA

Pais e encarregados de educação alertaram hoje para o facto de o bullying estar a ganhar “contornos mais graves e perigosos”, defendendo que também é preciso responsabilizar os pais dos jovens agressores e “actuar aos primeiros sinais”.

A posição da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) surge na sequência da divulgação de um vídeo em que um jovem é atropelado ao fugir de uma alegada agressão de bullying por um grupo de colegas da escola.

“Este tipo de fenómeno não é novo, mas está a tomar contornos mais graves e perigosos e cada vez em idades mais novas. Preocupa-nos a forma leviana como tudo isto é tratado. Não só o bullying como depois a publicação nas redes sociais”, lamentou o presidente da CNIPE, Rui Martins, em declarações à Lusa.

Para os pais, é preciso tomar medidas preventivas em meio escolar, através de sessões de sensibilização e medidas disciplinares adequadas. Mas também é necessário envolver e responsabilizar os pais pelos actos dos seus filhos, acrescentou.

Numa primeira fase, as escolas devem contar com os próprios serviços de psicologia, mas a CNIPE admite que em alguns casos se deve avançar para “uma penalização ajustada relativamente aos agressores e encarregados de educação”.

Os pais sugerem medidas como participar em acções de cidadania de prevenção e solidariedade ou “serem obrigados” a frequentar horas junto de Instituições Particulares de Solidariedade Social.

Para a CNIPE, “os pais e encarregados de educação devem estar atentos aos comportamentos dos seus filhos”, quer no papel de agressor quer no papel de vítima.

“Há um trabalho diário que é preciso fazer. Quando os alunos são indisciplinados, a escola tem de actuar logo, tem de chamar os pais, falar com eles e perceber quais são os seus problemas. Agora, se uma escola chama um pai várias vezes e ele não vem, então tem de se contactar outros serviços para intervir, porque esse pai existe”, defendeu Rui Martins.

Para a CNIPE, nestas situações as escolas podem e devem recorrer a outras entidades, como Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) ou a PSP.

A CNIPE acusa ainda a escola do Seixal de “não ter feito tudo para evitar este tipo de ocorrências graves”.

Na terça-feira, foi partilhado nas redes sociais um vídeo em que se vê um grupo de alunas a agredir um rapaz e a persegui-lo, levando-o a atravessar a Estrada Nacional 10-2 e a ser atropelado.

Com pouco mais de um minuto, o vídeo começa com uma jovem a dar um murro no ombro do rapaz, vítima que depois tentou seguir caminho, mas foi perseguido pelo grupo de alunas, ouvindo-se alguém a dizer “ele está a chorar” e “isso é bullying”.

À Lusa, a PSP disse já ter identificado todos os intervenientes nas agressões e que o caso também já chegou ao conhecimento da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e do Ministério Público.

Entretanto foi instaurado um “inquérito tutelar educativo, que corre termos na Ministério Público do Juízo de Família e Menores do Seixal”, segundo informações avançadas à Lusa pela Procuradoria-Geral da República.

Também a directora do Agrupamento de Escolas Dr. António Augusto Louro, Célia Dias, disse à Lusa que a escola avançou com um procedimento disciplinar e que até à divulgação do vídeo “a direcção não tinha conhecimento de conflitos entre estes alunos”.

Ainda segundo a directora, o rapaz atropelado na semana passada está “a frequentar as aulas desde segunda-feira e encontra-se em recuperação”.

Neste âmbito, a directora do Agrupamento de Escolas Dr. António Augusto Louro adiantou que “foi disponibilizado apoio psicológico para os alunos envolvidos”.

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