Edna O’Brien: a intimidade mais interdita e violenta do universo feminino

Não pode haver deleite quando se escreve sobre o terror. Mas o inferno pode ser narrado com linguagem luminosa. Menina, de Edna O’Brien, pode ser o último romance da vida da escritora de 90 anos. Agora homenageada na sua Irlanda, antes proscrita por se rebelar contra o papel da mulher e da sexualidade numa sociedade rural, conservadora, continua terna e selvagem, uma Jezebel atrás do acto divino, uma solitária que persegue a verdade como grande aspiração criativa, como pulsão de vida.

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Jack Robinson/Hulton Archive/Getty Images

“Wordsworth falava do ‘impulso solitário do deleite’, mas para mim a escrita de Menina dificilmente poderá ser chamada de ‘deleite’ — foi assustadora”, diz Edna O’Brien ao Ípsilon pouco depois de ter feito 90 anos e quando o seu último romance, e o romance que anuncia talvez como o derradeiro, tem edição em Portugal. É um livro assustador ou assombroso. Pelo tema, pelas viagens a que a escritora mais aclamada da Irlanda, admiradora de James Joyce e de T. S. Eliot, se impôs fazer aos 86 anos. Foi duas vezes até à Nigéria para se inteirar do modo como o Boko Haram, a organização jihadista fundamentalista islâmica, tratava adolescentes, sobretudo raparigas.

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