Cartas ao director

Impostos e classe média

Há tempos Susana Peralta deu uma entrevista ao PÚBLICO em que defendia, grosso modo, o aumento de impostos para a classe média de modo a, na sua visão, valer aos pobres. O debate aqueceu para logo esmorecer. Agora voltou com um artigo de Raquel Varela no mesmo jornal a 6 de Maio e a réplica de Susana Peralta no dia seguinte. Em súmula, Raquel Varela entende que a classe média já está empobrecida e não deverá “pagar a crise”, mas sim os ricos e muito ricos que “não existem”... “pero que los “hay, los hay”. Susana Peralta riposta que mesmo que a classe média não seja “rica”.... é-o em relação aos pobres de Portugal. Convém notar - e não é despiciendo - que Raquel Varela é historiadora e Susana Peralta é economista, o que talvez justifique o mais fácil entendimento da linguagem social da primeira vs o léxico tecnocrático da segunda.

Dito isto... agora entro eu. Não como um “narciso paradigmático,” mas para dizer: nas contas de Susana Peralta sou um dos 10% dos mais ricos portugueses segundo o IRS; licenciado em Medicina, tive uma carreira hospitalar, avaliada nos diversos passos, até ao topo da função pública, estou reformado e ganho de pensão mensal a quantia líquida de 2955 euros. Não tenho qualquer outro provento e o meu património é um andar T3+1 e um carro de gama média, além de umas dezenas de milhares de euros no banco. Leio muito e daí comprar livros. Passo 15 dias de férias em Maiorca. E visto-me no Cortefiel. Nada mais digo. Deixo à consideração de quem lê e.... de Susana Peralta.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

A ADSE e a aldeia dos gauleses

O Estado português tem vindo a implementar diversos serviços digitais, para facilitar a vida dos portugueses. Acesso digital a diversos serviços, como Finanças, Serviço Nacional de Saúde, etc. E a assinatura de documentos através da “Assinatura Digital”. Numa teleconsulta, o médico prescreve análises, uma eco, etc. Envia-nos uma prescrição electrónica, com assinatura digital. Vamos ao computador e imprimimos a prescrição. Maravilha. Aqui entram os “Asterix's e Obelix's” da ADSE.

Façam o favor de agarrar na prescrição impressa e vão ao consultório do médico, de carro, comboio, táxi ou de bicicleta, para o médico assinar com a esferográfica, por baixo da assinatura digital, e colocar a vinheta do costume. E aqui chegamos ao título. Há sempre alguém que resiste!

Nota: Segundo fonte do laboratório consultado, todos os sistemas de saúde privados aceitam a assinatura electrónica; a ADSE não.

Américo Rosa Martins, Mataduços

Do trio ao trilho

O trio Odemira, que a morte venceu, e saudosamente recordado por todo o seu belo passado musical, a todos nós deixou contristados pelo seu desaparecimento. Entretanto, Odemira, pelos piores motivos, saltou para as parangonas noticiosas. Do trio de encantar, Odemira, passou para o trilho da doença, da morte e da escravatura.

E se, como agora dizem, a população local e as autoridades sabiam o que se passava, e não agiram atempadamente, não se pode manter por mais tempo tão grave situação, face à condição humana, que urge solucionar o mais rapidamente possível.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Combate ao partido socialista e à esquerda radical em Madrid

Nas eleições de Madrid, realizadas terça-feira, o combate não se centrou no Vox, como afirmou o director do PÚBLICO, Manuel Carvalho, no seu editorial intitulado “Lições de Isabel Ayuso à direita de Portugal”, mas, sim, no combate ao PSOE, ao partido Unidas Podemos e outros grupúsculos esquerdistas. O “nosso” PSD actual, e nesse aspecto estou de acordo com o director do PÚBLICO, “nem é liberal, nem ultraliberal, nem social-democrata”. É um partido provinciano, destituído de ideias e de verdadeiros líderes se comparado com o pragmático e assertivo PP espanhol. Ao contrário do que pensa o director do PÚBLICO, Isabel Ayuso estará mais receptiva a formar coligação – isto, se for necessário – com o Vox do que com qualquer outro partido. Porque não tenhamos ilusões: o Vox vai continuar a crescer em Espanha e só o partido de Isabel Ayuso poderá impedir esse crescimento.

António Cândido Miguéis, Vila Real

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