Casas incendiadas junto a Palma, militares mantêm a cidade sob controlo

Porta-voz das Forças Armadas moçambicanas diz que ataque terá sido motivado por “vingança”. Não há relato de vítimas.

Foto
Milhares de pessoas tiveram de fugir de Palma por causa dos ataques LUIS MIGUEL FONSECA / EPA

Diversas casas junto à vila de Palma, norte de Moçambique, foram incendiadas na noite de terça-feira, disse à Lusa um porta-voz das Forças Armadas moçambicanas, que, acrescentou, mantêm o controlo da sede de distrito.

“O que tivemos foram algumas casas incendiadas na terça-feira nos arredores de Palma por dois supostos insurgentes”, disse Chongo Vidigal, porta-voz das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) no Teatro Operacional Norte. 

Aquele responsável falava à Lusa a partir de Afungi, cerca de seis quilómetros a sul da vila, junto às instalações do projecto de gás do norte de Moçambique e junto à aldeia de Quitunda, recém-criada pelos investidores.

Os supostos agressores, os mesmos responsáveis pelo ataque de 24 de Março, regressaram a Palma procurando “vingança”, alegou.

“Pensamos que foi por vingança contra membros da população que os insurgentes acham que colaboram com as Forças de Defesa e Segurança (FDS)”, declarou.

Chongo Vidigal falou à Lusa depois de duas fontes na vila terem relatado a presença de desconhecidos que têm atacado pessoas e destruído propriedades desde a noite de terça-feira.

O porta-voz confirmou a existência de fogo posto em algumas casas e reiterou: “A informação verdadeira é que Palma está completamente sob domínio das FDS, a vila está totalmente protegida.”

Vidigal reconheceu ainda o receio da maioria da população de Palma em voltar à vila, porque “as estruturas administrativas” ainda não se reinstalaram, após a fuga em massa provocada pelos ataques de 24 de Março.

“É como numa casa: se o chefe de família não volta, os outros elementos do agregado familiar ficam receosos”, declarou o porta-voz.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque ocorreu em 24 de Março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projecto de gás com início de produção previsto para 2024, avaliado em 20 mil milhões de euros, e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários