“Castigo injusto, incompreensível e inaceitável”: autarca de Portimão critica recuo no desconfinamento

Garantindo que a disseminação do vírus no concelho está controlada, Isilda Gomes acusou o Governo de falta de solidariedade.

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Isilda Gomes, autarca de Portimão LUSA/LUÍS FORRA

Portimão é um dos quatro concelhos que não avançará para a terceira fase de desconfinamento, anunciou esta quinta-feira o primeiro-ministro. Após duas avaliações consecutivas com a incidência média acima de 120 casos por 100 mil habitantes, António Costa revelou que o município algarvio voltará a adoptar medidas mais restritivas, um recuo no processo de desconfinamento. A presidente da Câmara Municipal, Isilda Gomes, reagiu à decisão do Governo, numa conferência de imprensa convocada para a tarde desta sexta-feira. Nas palavras da autarca, este é um “castigo injusto, incompreensível e inaceitável” e “uma falta de respeito” para com os empresários do concelho. 

A autarca – vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses e membro da Comissão Política Nacional do Partido Socialista – fez referência à estratégia de testagem massiva adoptada pelo município para o controlo de surtos, garantindo que “o vírus não está espalhado nas ruas, não está espalhado nas casas, nas esplanadas”. Isilda Gomes diz que os casos confirmados estão associados principalmente a “surtos controlados”, apontando para as escolas como as principais responsáveis. A disseminação do vírus no concelho está inteiramente controlada, garante. 

“Fizemos esta testagem massiva e aleatória no sentido de comprovar que não há uma disseminação na comunidade e que os surtos estão bem identificados e localizados. A estratégia de testagem massiva rápida não é responsável pelo aumento do número de casos em Portimão. Isto foi para provarmos que a sociedade está em segurança”, explicou Isilda Gomes.

Alertando que a autarquia já teve sete milhões de euros em gastos directamente relacionados com a pandemia, a autarca Isilda Gomes voltou a criticar a interrupção do processo de desconfinamento em Portimão, relembrando a solidariedade demonstrada pelo concelho na segunda vaga do vírus e a assistência prestada aos hospitais de Lisboa. 

“Quem é responsável não devia ser prejudicado e demonstrámos aqui a nossa responsabilidade em todo este processo. Injusto porque a grande maioria dos portimonenses cumpriu. Os portimonenses fizeram tudo o que lhes era exigido. Nas últimas horas temos recebido muitas mensagens de revolta dos empresários, cidadãos que não percebem esta decisão que Lisboa teve para com Portimão. Recordem-se que no auge da pandemia, quando abrimos o hospital de campanha, respondemos às necessidades de Lisboa. Fizemos tudo aquilo que estava ao nosso alcance para respondermos às necessidades do Serviço Nacional de Saúde. Fomos solidários com o país ao recebermos estas pessoas e agora era a hora de exigirmos a solidariedade para Portimão”, explicou a presidente da Câmara Municipal de Portimão.

Para colmatar os efeitos no congelamento do desconfinamento em Portimão, Isilda Gomes exige a adopção de medidas extraordinários para colmatar as perdas na restauração, comércio e turismo. Iniciando esta intervenção com um apelo ao reforço de efectivos nas forças de segurança e outras entidades fiscalizadoras – de modo a controlar as pessoas que se encontram em isolamento profiláctico e quarentena –, a autarca acusa a Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve de mostrar resistência na abertura do centro de vacinação municipal, preparado desde o dia 3 de Março. 

“Tenho visto muitas vezes o senhor primeiro-ministro e a senhora ministra Saúde a visitarem centros de vacinação. Era altura dos dois poderem visitar o nosso centro de vacinação e dizerem aos portimonenses porque têm de recuar [no desconfinamento]. Talvez assim o presidente da ARS abrisse o centro de vacinação, em vez de termos os professores vacinados nas escolas – e estarem a ser solicitadas ambulâncias para estarem junto às escolas – ou noutras situações piores que não quero aqui comentar”, afirmou.

De acordo com a planificação apresentada esta quinta-feira pelo primeiro-ministro, não prosseguem para a nova fase seis concelhos, com duas avaliações sucessivas de mais de 120 casos por 100 mil habitantes, mantendo as restrições actualmente em vigor. São eles Alandroal, Albufeira, Carregal do Sal, Figueira da Foz, Marinha Grande e Penela. Além destes, os concelhos de Moura, Odemira, Portimão e Rio Maior recuarão na segunda-feira para as regras que vigoravam no continente português no início do processo de desconfinamento, iniciado a 15 de Março.

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