Meio-irmão do rei Abdullah II da Jordânia em “prisão domiciliária” após movimentações golpistas

Príncipe Hamza e um antigo ministro das Finanças entre cerca de duas dezenas de alvos de uma operação de segurança na Jordânia. Forças armadas suspeitam de uma campanha de agitação popular com o objectivo de derrubar Abdullah II.

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O rei Abdullah da Jordânia Reuters/VINCENT KESSLER

As forças armadas da Jordânia advertiram publicamente o meio-irmão do rei Abdullah II contra movimentações que ameacem a “segurança e a estabilidade” do país árabe. O alvo do aviso, o príncipe Hamza, disse entretanto que foi colocado sob "prisão domiciliária”, apesar de esta informação não ser confirmada pelos militares jordanos, que admitem contudo estar a investigar o membro da família real.

Uma operação de segurança lançada este sábado terá levado ainda à detenção de um ex-ministro e antigo conselheiro do monarca. Segundo o Washington Post, o número de detenções ascende a duas dezenas.

Hamza, filho da rainha Noor e do falecido rei Hussein, há muito desavindo com o actual monarca e afastado da linha de sucessão, afirmou através de uma mensagem vídeo enviado à britânica BBC que se encontra em “prisão domiciliária” e negou estar envolvido em qualquer conspiração contra Abdullah II, filho de Hussein e da princesa Muna. Na mesma mensagem, o príncipe acusou o regime jordano de ser corrupto e de colocar a população à mercê de um sistema de favorecimento pessoal e financeiro do monarca.

Uma fonte norte-americana citada pela Reuters afirma, sob anonimato, que em causa não estaria uma tentativa de golpe militar, mas antes a orquestração de uma revolta popular com o apoio de importantes figuras tribais da sociedade jordana. Hamza estaria a ser vigiado pelas forças de segurança devido aos contactos que mantinha com líderes tribais descontentes com o regime de Abdullah II.

Outro nome sob suspeita é o de Bassem Awadallah, antigo ministro das Finanças, ex-conselheiro do rei Abdullah II e uma figura próxima do príncipe saudita Mohammed bin Salman. No entanto, a Arábia Saudita declara o seu “total apoio” a Abdullah II. Também o Egipto, o Líbano, o Iraque e o Qatar, entre outras nações árabes, colocam-se ao lado do regime jordano.

A Jordânia é uma das nações mais estáveis e desenvolvidas do Médio Oriente, apesar da escassez de recursos minerais e do peso de milhões de refugiados sírios e palestinianos. Com dez milhões de habitantes, capital em Amã e um porto no Mar Vermelho, o país mantém relações próximas com os Estados Unidos, assinou um acordo de paz com Israel em 1994 e escapou ao pior da convulsão da Primavera Árabe em 2011 e 2012, com o rei Abdullah II a demitir o Governo e a promover uma ampla revisão constitucional.

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