Selecção tem uma paragem complicada a caminho do Qatar

Portugal defronta neste sábado a Sérvia no segundo jogo de qualificação para o Mundial 2022.

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Ronaldo quer estar na fase final de um Mundial pela quinta vez Reuters/MASSIMO PINCA

Adversários fáceis ou difíceis, jogar bem ou mal. Para Fernando Santos, são conversas assessórias que não fazem sentido nesta qualificação para o Mundial do Qatar em 2022 ou em qualquer outro contexto competitivo. Para o seleccionador nacional, não faz sentido dizer que Portugal jogou mal, em Turim, frente ao Azerbaijão, assim como não faz sentido classificar os azerbaijanos como um adversário teoricamente fácil, porque o jogo não foi fácil, mas o objectivo (a vitória) foi cumprido. E será com esta filosofia que a selecção portuguesa enfrenta neste sábado em Belgrado (19h45, RTP1) uma Sérvia que também tem aspirações a estar no Qatar e que também ganhou o seu primeiro jogo no Grupo A.

Que é isso de jogar bem ou mal? Quem joga mal, dificilmente ganha. Outra coisa é jogar bonito ou feio, que é um parâmetro completamente diferente. O que os treinadores querem é que as equipas ganhem e joguem muito bem. Mas se me derem a escolher, já sabem o que é que eu penso. Se me dizem, ‘Vais fazer um jogo muito bonito com grande nota artística e empatas’, prefiro um jogo com menos nota artística e ganhar”, referiu o seleccionador português.

Claro que a Sérvia não é o Azerbaijão, que só ganhou um dos seus últimos dez jogos. É uma selecção com história e herdeira de uma selecção histórica (Jugoslávia), com jogadores espalhados pelos melhores campeonatos da Europa e com o início de campanha moralizador, um triunfo por 3-2 sobre a República da Irlanda, tudo factores que fazem deste jogo, em Belgrado, aquele que, em teoria, será o mais difícil de toda a qualificação. Mas a teoria, ressalva Fernando Santos, não ganha jogos.

“Estamos a falar de selecções diferentes, uma que jogou nos 35 metros ao pé da sua baliza, em ocupação de espaços, onde é mais difícil entrar, e uma Sérvia que tem ambições de chegar ao campeonato do mundo. É uma equipa poderosa, sempre foi, que quer ganhar. Não vai ser uma equipa de contra-ataque, vai ser de ataque e vai ser um jogo diferente, mas nós vamos fazer o que sempre fizemos. Se este é o jogo mais difícil? Em teoria, o jogo do Azerbaijão era fácil e não foi fácil. A teoria conta pouco para o que vai acontecer no jogo, será um confronto diferente, com duas equipas a querer ganhar”, analisou Santos.

É previsível que Fernando Santos mude alguma coisa na equipa, sobretudo do meio-campo para a frente. Danilo Pereira, que não alinhou frente ao Azerbaijão, já estará em condições de ir a jogo e o sacrificado no “onze” poderá ser João Moutinho, que falhou o último treino da selecção portuguesa.

Vantagem histórica

Portugal e Sérvia defrontam-se pela primeira vez numa fase de qualificação para o Mundial, depois de seis confrontos em apuramentos para Europeus. A selecção portuguesa tem a história a seu favor, com três vitórias (e três empates), contra nenhuma da Sérvia (que falhou a presença na fase final do Euro nessas três qualificações), sendo que duas dessas vitórias aconteceram em Belgrado, ambas com Fernando Santos ao comando.

Em 2015, na qualificação para o Euro 2016, Portugal ganhou por 1-2 (golos de Nani e João Moutinho) e, em 2019, ganhou por 2-4 a caminho de um Euro 2020 que passou para 2021 (marcaram William Carvalho, Gonçalo Guedes, Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva).

É contra esta tendência histórica e com uma segunda presença consecutiva na fase final de um Mundial no horizonte que a Sérvia encara mais este confronto com a selecção portuguesa. Sem a urgência de ser um jogo de tudo ou nada, mas sabendo que só o primeiro do agrupamento se irá qualificar directamente e que os jogos entre os favoritos irão contar mais que os outros.

“Para muitos, Portugal é a melhor selecção do mundo. É o actual campeão da Europa, tem uma combinação perfeita entre juventude e experiência, no aspecto individual e colectivo. É verdade que perdemos os últimos dois jogos aqui [em Belgrado], mas vamos fazer de tudo para ganhar”, reconheceu Dragan Stojkovic, seleccionador sérvio desde 3 de Março passado.

Fernando Santos, pelo contrário, quer manter essa tendência de ganhar na capital sérvia, mas está avisado para o que o adversário pode fazer com o novo seleccionador: “A Sérvia alterou a sua forma de jogar. Contra a Irlanda, jogou com cinco defesas, nós analisámos as variantes da equipa da Sérvia. Temos respeito, mas não temos medo e vamos enfrentar o jogo. Vamos deixar tudo em campo para procurar vencer. Temos um enorme respeito pelo nosso adversário. Quer alterar o histórico dos confrontos directos, mas nós não queremos que isso aconteça.”

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