Terra vai ser o tema central da sexta Trienal de Arquitectura de Lisboa em 2022

A “terra” vista como território, paisagem ou lugar de pertença num programa marcado, essencialmente, por quatro exposições e três dias de conferência. A curadoria é da dupla Cristina Veríssimo e Diogo Burnay. O regulamento será lançado em Junho.

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Cristina Veríssimo e Diogo Burnay são os curadores da edição de 2022 Eliza Borkowska/Trienal de Arquitectura de Lisboa

A sexta Trienal de Arquitectura de Lisboa, a decorrer entre Outubro e Dezembro de 2022, vai ter a Terra como tema central, com curadoria geral da dupla de arquitectos Cristina Veríssimo e Diogo Burnay, anunciou quarta-feira a organização.

A próxima edição do evento dedicado à arquitectura vai promover uma reflexão a partir dos diferentes significados da palavra “terra”, consoante a escala e o observador, desde o território e da urbe, à paisagem, ao lugar de pertença ou a um continente visto do mar, de acordo com um comunicado da organização.

O programa Terra da Trienal de Lisboa 2022 – evento dedicado à arquitectura contemporânea  será composto por quatro exposições, quatro publicações, três prémios, três dias de conferências, e uma selecção de projectos associados independentes.

“Reequacionando o futuro a partir destas leituras e do cruzamento e intercâmbio de saberes e fazeres, a equipa curatorial declara uma intenção de acção, propondo a mudança de um modelo de sistema fragmentado e linear, caracterizado pelo uso excessivo de recursos, para um modelo de sistema circular e holístico motivado por um maior e mais profundo equilíbrio entre comunidades, recursos e processos”, descreve-se no mesmo comunicado.

A Trienal optou por uma perspectiva que pretende “convocar vozes que pudessem trazer uma alternativa ao olhar do hemisfério Norte”, e, para isso, a dupla de comissários gerais convidou também Anastassia Smirnova (Rússia/ Holanda), Loreta Castro Reguera e Jose Pablo Ambrosi (México), Pamela Prado e Pedro Ignacio Alonso (Chile), Tau Tavengwa (Zimbabué/ Reino Unido) e Vyjayanthi Rao (Índia/Estados Unidos) para a curadoria das exposições.

A exposição Visionárias, na Culturgest, terá curadoria de Anastassia Smirnova com o gabinete SVESMI, curador de um projecto pan-europeu online sobre o futuro da arquitectura.

Multiplicidade terá lugar no Museu Nacional de Arte Contemporânea, com curadoria de Tau Tavengwa e Vyjayanthi Rao. Ciclos, na Garagem Sul  Centro Cultural de Belém, terá a assinatura de Pamela Prado e Pedro Ignacio Alonso. Comum pelo Desenho terá lugar no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) e será da responsabilidade de José Pablo Ambrosi e Loreta Castro Reguera.

As exposições serão ainda o ponto de partida para o programa de conferências Talk Talk Talk que, durante três dias, reúne uma série de protagonistas do panorama internacional da arquitectura na Fundação Calouste Gulbenkian.

O tema Terra “explora como os paradigmas recentes estão a mudar a percepção de criação de lugares num planeta globalizado”, acrescenta a dupla curatorial. “Nessa conjuntura crítica, a arquitectura pode ligar-nos ao chão, tanto quanto pode elevar-nos. Terra aborda como as (alter)acções climáticas, a pressão sobre os recursos e as desigualdades socioeconómicas e ambientais estão profundamente interligadas. Compreender estas situações complexas requer uma mudança de paradigma de modelos de crescimento linear das ‘cidades-máquina' para modelos de desenvolvimento circular das ‘cidades-organismo'”, dizem ainda os curadores, citados no já referido comunicado.

O presidente da Trienal de Lisboa, José Mateus, também citado pela organização, diz: “Na sua sexta edição, a Trienal pretende investigar o modo como podemos pensar, desenhar, organizar ou construir, contribuindo de forma decisiva para a sustentabilidade ambiental e, em última análise, para a sobrevivência da humanidade e do próprio planeta.”

As quatro exposições são co-produzidas com a Fundação Caixa Geral de Depósitos/Culturgest, a Fundação Centro Cultural de Belém/ Garagem Sul – Centro Cultural de Belém (CCB), a Fundação EDP/ Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), e a Fundação Millennium BCP com o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC).

As conferências, co-produzidas com a Fundação Calouste Gulbenkian, vão apresentar diferentes perspectivas e olhares, num programa que pretende mostrar um panorama global para o futuro da disciplina da arquitectura.

Como nas edições anteriores, estão também previstos os Prémios Carreira Millennium BCP, Début e Universidades, abarcando diferentes estágios da carreira de profissionais de arquitectura.

O Prémio Universidades passa a ter dois níveis de participação: um pelos estudantes de mestrado das faculdades, outro pelos centros de investigação, propondo quatro possíveis temáticas relacionadas com as exposições centrais. O regulamento será lançado no próximo mês de Junho e as melhores propostas serão integradas num núcleo em cada uma das exposições da Trienal 2022.

Para a escolha dos Projectos Associados será lançado uma open call, também em Junho, convocando agentes de programação e criação para que apresentem propostas que se realizem durante o período da Trienal 2022, em Lisboa e concelhos limítrofes.

Serão seleccionadas 12 propostas nacionais e internacionais, independentes e autofinanciadas, “que complementam de forma plural e articulada a reflexão acerca do futuro das ecologias em arquitectura”, indica a organização do evento.

Com o objectivo de difundir a cultura arquitectónica contemporânea, Terra prevê a publicação de uma colecção de livros, edições únicas dedicadas aos temas das quatro exposições nucleares, organizadas pela equipa curatorial.

Em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, o programa é financiado pela Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura e conta com o patrocínio das marcas portuguesas MPG e JRBotas, enquanto a identidade visual será concebida pelo atelier Barbara Says.

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