Manifestação Nacional de Mulheres junta mais de 500 pessoas em Lisboa

“As discriminações, as desigualdades, as péssimas condições de vida e violência contra as mulheres já existiam antes, o que a pandemia fez foi torná-las mais evidentes e agravá-las”, afirma Sandra Benfica, dirigente do MDM.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Uma manifestação do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) juntou este sábado à tarde entre 500 a 600 pessoas, segundo a polícia - ou mais de mil, segundo a organização -, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, para celebrar o Dia Internacional da Mulher. 

A dirigente do MDM Sandra Benfica afirmou que a pandemia de covid-19 “não trouxe nada de novo” relativamente às “péssimas condições de vida” das mulheres, que já existiam antes, mas agravou-as.

“As discriminações, as desigualdades, as péssimas condições de vida e violência contra as mulheres já existiam antes, o que a pandemia fez foi torná-las mais evidentes e agravá-las, isso significa que é preciso uma tomada de consciência de que não podemos retroceder”, disse a dirigente em declarações à Lusa no final da Manifestação Nacional de Mulheres, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, convocada pelo MDM sob o lema “Não há desculpa para retrocessos”.

Questionada sobre o que é preciso para mudar essa situação, Sandra Benfica disse que “travar as políticas que degradam a nossa vida só acontece se as mulheres exercerem o seu papel e se participarem”, visando atingir “o grande sonho” de viver em “igualdade de condições e em segurança”.

“Falta-nos igualdade na vida, temos igualdade na lei mas essa igualdade ainda não chegou à vida das mulheres, desde logo na desregulação das regras do mundo do trabalho, em que as mulheres são as mais sacrificadas, são o maior número de trabalhadores precários, são as que mais usufruem do Salário Mínimo Nacional, são as que mais recorrem ao Rendimento Social de Inserção, são as mais pobres, as mais vulneráveis, as que têm salário e condições de trabalho mais precário”, aponta Sandra Benfica.

Para a dirigente, a questão do confinamento tem de ser vista numa perspectiva mais geral, já que muitas mulheres continuaram a trabalhar presencialmente.

“As mulheres não estão todas confinadas, há teletrabalho para muitos, mas há muitos milhares de mulheres na saúde, na educação, nas fábricas, na agricultura, trabalhadoras de apoios sociais, em todos os sectores da sociedade que são considerados essenciais, foram as mulheres que continuaram a trabalhar e a fazer o país caminhar e desenvolver-se”, disse Sandra Benfica.

O abrandamento das medidas de confinamento, concluiu, decorre da análise de saúde pública, “mas isso não implica para quem está em teletrabalho ou a trabalhar presencialmente que não sejam garantidas as medidas de valorização do trabalho e protecção da saúde e isso não foi devidamente assegurado, como se prova pelos números e pelos testemunhos que aqui trouxemos”.

O novo coronavírus já infectou em Portugal, pelo menos, 368.368 homens e 445.067 mulheres, referem os dados da Direcção-Geral da Saúde. Do total de vítimas mortais, 8740 eram homens e 7929 mulheres.

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