Actor e encenador João Mota despede-se dos palcos no papel de Freud contra o nazismo

A próxima estreia do Teatro da Comuna, prevista para 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, será uma peça de Eric-Emmanuel Schmitt e põe fim a uma carreira de 64 anos do actor que se estreou com 14 anos.

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miguel Manso

O actor e encenador João Mota, de 78 anos, vai despedir-se dos palcos no papel de Freud, na próxima estreia do Teatro da Comuna, prevista para 27 de Março, disse esta quarta-feira uma fonte da companhia à agência Lusa.

Freud e o visitante, do dramaturgo franco-belga Eric-Emmanuel Schmitt, que regressa a Viena, sob o domínio nazi, pouco antes da partida do precursor da psicanálise para o exílio, é a peça com que o actor nascido em Tomar — e que se estreou como actor aos 14 anos — põe fim a uma carreira de 64 anos.

A peça tem estreia prevista para 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, em S. João da Madeira, no âmbito do 14.º Festival de Teatro da cidade e, se tudo correr sem percalços, será retomada no final da primeira semana de Abril, no Teatro da Comuna, em Lisboa.”Assim a pandemia de covid-19 permita que tudo ocorra como planeámos”, frisou à Lusa Carlos Bernardo, da companhia com sede na Praça de Espanha, em Lisboa.

Na peça de Eric-Emmanuel Schmitt, João Mota leva Freud a palco, já debilitado, a viver momentos de agonia numa Viena já tomada pelas forças nazis. Uma noite, o psicanalista recebe uma visita enigmática. “Quem será? Um louco? Um mágico? Um sonho de Freud ou o seu próprio inconsciente? Como Freud, cada um decidirá, naquela noite louca e séria, quem é o visitante”, lê-se na apresentação do texto.

Escrita em 1993, Freud e o visitante é a terceira peça do premiado dramaturgo franco-belga Eric-Emmanuel Schmitt (1960) posta em cena pela Comuna, depois de Variações Enigmáticas (2009) e de O Evangelho segundo Pilatos (2014).

A peça apresenta “um diálogo filosófico vivo e estimulante” que permite ao espectador entrar nos meandros do pensamento de Freud e reflectir sobre as grandes questões da existência.

Ao longo de 17 actos, com entrada e saída de cena de Anna Freud, filha do psicanalista, de um oficial da Gestapo, que persegue Freud, como judeu, e do estranho visitante, é a condição humana, a presença (ou ausência) de Deus, a guerra e crescimento do nazismo e dos seus crimes que determinam a acção e o pensamento que ela impõe.

Com versão cénica de João Mota, a peça contará com interpretações de Carlos Paulo, Hugo Franco e Maria Emília Castanheira.

Sob o título A Visita, a peça de Eric-Emmanuel Schmitt teve estreia em Portugal há 20 anos, no Teatro Aberto, com João Perry como protagonista.

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