Líder da oposição da Geórgia detido pela polícia

Niko Melia responde pelas acusações de incentivar manifestações violentas em 2019. Primeiro-ministro tinha apresentado a demissão para evitar a detenção.

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Niko Melia é acusado de incitar à violência em manifestações STR / EPA

O líder da oposição georgiana foi detido pela polícia esta terça-feira de manhã, dias depois de o primeiro-ministro se ter demitido para evitar a prisão.

O presidente do Movimento Nacional Unido (MNU), Niko Melia, foi detido na sede do partido em Tbilissi, numa operação com grande aparato. A polícia antimotim chegou a disparar granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão de apoiantes de Melia que se concentraram no local. Foram detidas dezenas de pessoas, de acordo com a Reuters.

O momento da detenção foi dramático. Melia estava barricado numa sala do edifício com alguns apoiantes e teve de ser levado à força pela polícia, como mostram as imagens captadas pelo canal Mtavari TV.

Melia é acusado de ter incitado “violência em massa” durante os protestos de 2019 e um tribunal decretou a sua prisão preventiva na semana passada. A oposição diz que o caso é motivado politicamente e que Melia está a ser perseguido pelo Governo. O político incorre numa pena que pode ir até aos nove anos de prisão.

Numa tentativa de acalmar a tensão, o primeiro-ministro Giorgi Gakharia demitiu-se na passada quinta-feira, dizendo discordar da ordem de prisão contra Melia.

A detenção foi adiada, mas acabou por acontecer esta terça-feira. As imagens da prisão de Melia e da repressão dos manifestantes estão a causar preocupação entre os parceiros ocidentais da Geórgia. “Violência e caos em Tbilissi são a última coisa de que a Geórgia necessita neste momento. Apelo a todas as partes que se comportem com moderação, agora e nos próximos dias”, escreveu no Twitter o embaixador britânico no país, Mark Clayton.

Entretanto, um novo Governo tomou posse na segunda-feira, chefiado por Irakli Garibashvili. A Geórgia atravessa uma crise política desde as eleições legislativas de Outubro, ganhas pelo Sonho Georgiano, mas contestadas pela oposição, que diz ter havido fraude. Os deputados eleitos pelo MNU e por outros partidos mais pequenos recusam-se a ocupar os seus lugares e exigem eleições antecipadas.

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