A fachada e interior continuarão intactos mas a Cunha já não volta ao Emporium

O negócio criado em 1906, ainda como padaria, já não está no local onde esteve durante quatro décadas. A antiga morada vai ser um empreendimento de luxo. A sala que preservará a obra dos arquitectos Bento D’ Almeida, Victor Palla e João Bento D’Almeida está para arrendar.

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Paulo Pimenta
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Nada vai mudar na fachada do edifício Emporium, garantem os responsáveis pela comercialização do prédio adquirido à RAR em 2017 pelo Fundo Emporium 658, onde durante décadas funcionou a confeitaria e o restaurante Cunha. Intacta ficará também a obra dos arquitectos Bento D’ Almeida, Victor Palla e João Bento D'Almeida no interior do snack-bar. Só não se mantém o letreiro que anunciava o restaurante e a confeitaria que ali estava desde a década de 1970. Desde o início do ano passado que o restaurante mudou de instalações e já não volta ao mesmo espaço. A última morada está agora para arrendar.  

Há quatro anos, quando foi celebrado o contrato de compra e venda, foi anunciado o destino do prédio situado na esquina da Rua de Sá da Bandeira com a Rua Guedes de Azevedo, desenhado pelo arquitecto José Porto em 1948 - o edifício seria convertido num empreendimento de apartamentos de luxo.

Nessa altura, os responsáveis pelos negócios de restauração do piso zero temeram pela continuidade da actividade. Em Fevereiro de 2019 a confeitaria fechou. Em causa estava também a permanência do snack-bar no mesmo espaço. 

Outra preocupação, mas ao nível do património arquitectónico, surgia relativamente à preservação da obra levada a cabo no interior do espaço por Bento D'Almeida, Victor Palla e João Bento D'Almeida - os dois primeiros são também responsáveis, entre outros, pelo interior do Galeto, em Lisboa, e por implementarem em Portugal a imagem do snack-bar, na década de 1950, a partir do traço modernista da dupla.  

Divulgadas as primeiras imagens do projecto, alguns intervenientes da sociedade civil, como é exemplo o Fórum Cidadania, temiam que a fachada e o interior do espaço sofressem alterações. A obra ainda está em curso. Actualmente as letras que compõem o nome do edifício colocadas originalmente no topo do edifício não estão lá, mas hão-de voltar após restauro, garante a arquitecta Joana Lima, responsável pelo segmento da reabilitação da Predibisa, que com a JLL estão a comercializar o empreendimento. No final da obra tudo ficará como estava antes: “Mantém-se a fachada e as escadas da entrada”.

Mais difícil de perceber, por força dos tapumes nas montras do antigo restaurante, é como estão a decorrer as obras no interior da sala. Mas Joana Lima assegura que o interior da Cunha, classificado em Abril de 2018 pelo projecto camarário Porto de Tradição, não sofrerá alterações - o trabalho de Bento D’ Almeida, Victor Palla e João Bento D'Almeida continuarão intactos. “Apenas está a ser feita uma limpeza na cozinha e foi aberta uma janela sobre um jardim criado no interior do quarteirão”, explica.    

Actualmente, desconhece-se que negócio ali se estabelecerá. Certo é que a Cunha já não volta para ali. Não é a primeira vez que os proprietários mudam o negócio de morada. Inicialmente, em 1906 nasceu como padaria na Rua de Santa Catarina, perto da Capela das Almas. Na década de 1930 transferiu-se para novas instalações, mas ficou na mesma rua. No edifício Emporium estava desde os anos 1970. Hoje está na Rua Gonçalo Cristovão. A última morada antes da actual está agora para arrendar.

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