PCP cancela comício dos 100 anos e faz 100 acções no país

Os comunistas não adiaram o congresso nem a festa anual, mas vão trocar o comício por uma iniciativa sob o lema 100 anos, 100 acções.

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XXI Congresso do PCP no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O PCP cancelou, devido à pandemia, o comício do centenário do partido no Campo Pequeno, em Lisboa, em 6 de Março, que será substituído por 100 acções em todo o país. A informação do cancelamento do comício, que “se considerou nas condições actuais não ser adequado realizar”, surge no meio de um artigo na edição desta quinta-feira do Avante!, órgão oficial dos comunistas. Para o substituir, os comunistas organizam uma iniciativa sob o lema “100 anos, 100 acções” que irá decorrer um pouco por todo o país.

A iniciativa agora cancelada foi anunciada há cerca de um ano, no 99.º aniversário do PCP, no último comício do partido antes do confinamento geral devido à pandemia, em 6 de Março de 2020.

Será um “vasto conjunto de iniciativas, centrado nos problemas do país, dos trabalhadores e do povo”, estando anunciada uma “acção” em Lisboa, no Rossio, em que participa o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, lê-se no artigo do Avante!. Os comunistas garantem que nestas 100 acções “serão garantidas as condições sanitárias, dando mais uma prova de que é possível continuar a intervir e a lutar e ao mesmo tempo proteger a saúde”.

O comício do centenário estava previsto para o Campo Pequeno, em Lisboa, um local simbólico para o partido, onde se realizou o primeiro grande comício do PCP a seguir ao 25 de Abril, com Álvaro Cunhal (1913-2005), o líder histórico dos comunistas portugueses.

O surto epidemiológico da covid-19 levou a uma redução das agendas dos líderes dos partidos, com mais acções à distância ou com menos pessoas, e até o cancelamento de congressos partidários. Mas nesse campo o PCP não dera um passo atrás – os comunistas e o Chega foram os únicos partidos que mantiveram a sua reunião magna em 2020, com a diferença que a convenção nacional do segundo servia para eleger os órgãos nacionais segundo determinam os estatutos, depois da reeleição de André Ventura no início de Setembro. O PCP realizou o seu XXI congresso no final de Novembro, em Loures, sob forte contestação e durante o estado de emergência em que havia proibição de circulação entre concelhos, depois de ter mantido também a Festa do Avante!, na Quinta da Atalaia, no primeiro fim-de-semana de Setembro.

Portugal está a viver pela segunda vez, em menos de um ano, um confinamento geral, e sob estado de emergência devido à crise epidémica, o que não limita a actividade política nem a realização de eleições, como aconteceu com as presidenciais de 24 de Janeiro. Aliás, o próprio PCP não cancelou o seu congresso, que se realizou em Loures, em Novembro, nem a Festa do Avante!, realizada em Setembro.

O Partido Comunista Português (PCP) foi criado em 1921 e teve, ao longo da sua história, cinco secretários-gerais, tendo Álvaro Cunhal sido o mais marcante, durante 32 anos, entre 1961 e 1992.

O primeiro, de 1921 a 1929, foi José Carlos Rates, seguindo-se Bento Gonçalves, de 1929 a 1942. Da década de 1940 a 1961 houve um período sem secretário-geral, antes de Cunhal ser escolhido. Carlos Carvalhas foi líder do partido de 1992 e 2004, ano em que é escolhido Jerónimo de Sousa.

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