FC Porto vai pedir despenalização de Luis Díaz, caso castigo se mantenha

Decisão do Conselho de Disciplina deve ser conhecida esta sexta-feira, com os “dragões” a deixarem claro que vão recorrer caso penalização não seja levantada.

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Jogador colombiano foi expulso frente ao Sp. Braga LUSA/FERNANDO VELUDO

O FC Porto vai avançar com um pedido de despenalização de Luís Díaz, caso o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decida manter o castigo pelo cartão vermelho mostrado ao colombiano no jogo frente ao Sp. Braga. A intenção dos “dragões” foi avançada pelo director de comunicação do clube, Francisco J. Marques, na noite desta quinta-feira. 

“Se depois de o Conselho de Disciplina ver as imagens entender penalizar o Luís Diaz, naturalmente que o FC Porto tratará de pedir a sua despenalização. Mas vamos acreditar que perante uma situação destas o Luiz Diaz não seja castigado, que se perceba que o lance foi o que foi — teve as consequências infelizes para o defesa do Sp. Braga —, mas que não se justifica o cartão vermelho”, explicou o responsável dos “dragões”, num programa do Porto Canal que foi inteiramente dedicado aos lances de arbitragem da partida na Pedreira que acabou com o empate a uma bola

Já na recta final deste programa, Francisco J. Marques acusou as autoridades de terem dispersado com violência algumas dezenas de adeptos portistas que se reuniram junto à garagem do Estádio do Dragão para receber o autocarro da equipa após o empate em Braga. “Sabemos que estamos a viver um período de confinamento, mas houve quatro, cinco dezenas de jovens que foram atacados com balas de borracha”, acusou o responsável da comunicação dos “dragões”. 

Esta quarta-feira, na primeira mão da meia-final para a Taça de Portugal, o árbitro Luís Godinho mostrou o cartão vermelho a Luís Díaz ao minuto 70. Em causa está um lance entre o extremo e o defesa David Carmo: após fazer um remate à baliza bracarense, o pé de Díaz aterrou involuntariamente na perna do defesa do Sp. Braga em sequência do movimento do corpo. O contacto provocou uma lesão grave a David Carmo, que foi retirado do relvado de ambulância. Alertado pelo videoárbitro Hugo Miguel, o árbitro principal foi rever as imagens do lance, decidindo expulsar com vermelho directo Luis Díaz.

No banco do FC Porto, jogadores e membros da equipa técnica tentavam explicar ao árbitro que o contacto entre Díaz e David Carmo era inevitável e completamente sem intenção, alegando que a única coisa que o portista fez foi rematar à baliza. Luís Godinho chegou a aproximar-se do treinador Sérgio Conceição para explicar a expulsão: as imagens televisivas – aliadas a um estádio sem público devido à pandemia – permitiram perceber que o árbitro explicou que a gravidade da lesão motivou o cartão vermelho. Em lágrimas, Luís Díaz soltou um último protesto antes de ser encaminhado para o balneário por Nélson Puga, médico do FC Porto.

A partir desse momento, o jogo não voltaria a ser o mesmo: já nos descontos, seria Uribe a receber cartão vermelho, depois de se desentender com Ricardo Esgaio. O Sp. Braga empataria a partida aos 90+12’, com um golo de Fransérgio. 

A arbitragem motivaria um “murro na mesa” do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, dado na sala de imprensa – Sérgio Conceição boicotou a tradicional conferência no final da partida. Lamentando a decisão do árbitro, pediu serenidade aos adeptos portistas, deixando ainda uma provocação ao secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo.

“Vamos dizer aqui, solenemente, basta! Queremos paz no futebol, mas não provoquem mais nem brinquem com o esforço dos jogadores, dos treinadores e dos adeptos do FC Porto. Apelo à serenidade, mas volto a dizer basta. Sei que neste país não temos secretário de Estado do Desporto. Toda a gente sabe que não temos. Portanto, não posso sequer apelar às autoridades, porque morreu, está morto, desertou. Não vale a pena fazer apelo ao que não existe”, afirmaria o dirigente.

Após o empate dos “dragões” na Pedreira, o árbitro Luís Godinho recebeu ameaças de morte, com o Conselho de Arbitragem a classificar como “muito graves” os acontecimentos da madrugada desta quinta-feira, instando as autoridades a intervir.

Também o secretário de Estado reagiu aos acontecimentos: apesar de não responder directamente às palavras deixadas por Pinto da Costa, João Paulo Rebelo disse à Lusa que as ameaças feitas ao árbitro Luís Godinho são “inadmissíveis”, relembrando o privilégio dado a este sector num período de restrições.

“Os agentes do futebol, mais do que nunca, devem dar valor à importância que tem a sua actividade na nossa sociedade e demonstrar que são dignos do regime de excepcionalidade de que esta beneficia”, considerou o governante.

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