Pecaminosa sai em Maio, mas a demo já pode ser jogada

Pecaminosa, o novo videojogo da açoriana Cereal Games, desenlaça-se numa “cidade-casino imaginária, erguida na fronteira entre os Estados Unidos da América e o México”. O jogo é lançado em Maio, mas a demo já pode ser jogada.

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Videojogo "Pecaminosa"/Cereal Games

O videojogo Pecaminosa, da açoriana Cereal Games, vai ser lançado em Maio, mas tem uma demo disponível a partir desta quarta-feira, onde os jogadores se colocam na pele de um detective e ajudam um mafioso a chegar ao céu.

O jogo passa-se em Pecaminosa, “uma cidade-casino imaginária, erguida na fronteira entre os Estados Unidos da América e o México” e será lançado em Maio para computador, na plataforma Steam, e para as consolas Nintendo Switch, XBox One e PlayStation 4. A partir desta quarta-feira, e até terça-feira, está disponível em versão demo na Steam.

A premissa é a de que o jogador controla “um detective desgraçado no caso mais estranho da carreira: ajudar o fantasma de um mafioso morto a redimir-se dos seus pecados e chegar ao céu”, como se lê na sinopse.

Na criação desta realidade está uma ideia inspirada na estética noir, que junta influências de filmes clássicos do género, de “Orson Welles, [Alfred] Hitchcock ou Fritz Lang”, mas também de neo-noir, como Sin City ou The Spirit”, explicou à Lusa Lázaro Raposo, CEO da Cereal Games.

Para a criação do ambiente contribui a música, considera o CEO, que é também baterista de jazz. A escolha recaiu sobre o pianista Cristóvão Ferreira, responsável pela composição da banda sonora, que parte de referências como Art Blakey ou Miles Davis. “O resto é tudo uma questão de junção de interesses e de conhecimento de outras áreas, desde a literatura a outros jogos, música, filmes, tudo isso entra no modo de fazer o jogo”, explica Lázaro Raposo.

Entre entradas, saídas e colaborações pontuais, o número de pessoas envolvidas na criação do jogo ultrapassou os 20. “Isto é um trabalho hercúleo, não é um one-man show. Já longe vai o tempo em que a Cereal Games era eu. Já não é assim, felizmente”, afirma o game developer.

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indiegames.com

O resultado “acaba por ter influência de toda a gente, desde que seja respeitada a visão inicial do jogo, porque, se não, deixa de ser um pixel-noir game e passa a ser uma salada russa, que não é nada”. Por isso, na “narrativa humorística, rica e desafiante”, como descreve a empresa, é possível ver reflexos de Charles Bukowski, e, nas animações, está patente a inspiração do “anime”.

Para criar o Pecaminosa, uma das grandes referências foi Legend of Zelda: A Link to the Past, mas também outros jogos: “era miúdo, nos anos 90, quando jogava Megadrive e consumia jogos em pixel”, conta o responsável. “O pixel deixou de ser uma limitação tecnológica para ser uma opção estética. Aqui entra o aspecto retro e a nostalgia”, disse.

Os interessados podem, entre esta quarta-feira e a próxima terça-feira jogar a demo que estará disponível na plataforma Steam, durante o Steam Game Festival, altura em que serão também feitas sessões de livestream (transmissões em directo), chats e sessões de esclarecimento.

À Lusa, Lázaro Raposo explica que a intenção é que haja “um aumento significativo” de pessoas que juntam o jogo à sua lista de possíveis compras (wishlist) e que surja já “uma manifestação de interesse”. “Serve o que serve. Eu próprio tenho milhares de jogos na wishlist da minha conta de Steam e alguns deles estão na minha wishlist há cinco ou seis anos. (...) Não vivo na ilusão. Eu faço isso, todas as pessoas fazem isso”, atira.

Para garantir o retorno do investimento avançado, precisam de vender “60 mil cópias”, que devem vir a ser comercializadas entre os 12 e os 14 euros. A empresa conseguiu angariar quase 13 mil euros numa campanha de crowdfunding em que o objectivo era atingir os 10 mil euros. O restante capital foi avançado pela Cereal Games.

Com essa angariação de fundos, conseguiram, mais do que o dinheiro, notoriedade: “Não queríamos ir atrás do dinheiro, queríamos ir atrás do impacto. E conseguimos esse impacto”. Frisando que “não é um jogo para adolescentes”, o CEO descreve-o como “divertido”, mas também “pesado”, com “referências que também são culturais, têm uma data, uma idade”. Por isso, deixa um conselho: “Se alguém com 14 anos que queira comprar este jogo... que compre, mas não jogue já, porque não é de todo um jogo para adolescentes”.

“As próprias demandas - neste caso a quest é a própria história, que está dividida por capítulos - são retro. Inspirei-me muito nos jogos da minha juventude, nos RPG clássicos, para definir as mecânicas de jogo do Pecaminosa”, explica. Pecaminosa - A Pixel Noir Game é o primeiro jogo “comercial” da Cereal Games, empresa fundada em 2014, que se dedica, principalmente a desenvolver “jogos sérios”, explica o CEO.

Em seis anos de actividade, desenvolveram projectos nas áreas da educação, saúde, cultura e ciência, sempre encomendados por entidades. Este é o primeiro jogo que desenvolvem com um propósito exclusivamente lúdico, sem ser feito “à medida de um cliente”, e que será testado no mercado.

Orgulhoso do produto final, Lázaro Raposo diz que “o melhor elogio que conseguiu dar à equipa foi dizer “eu gostava de não ter feito este jogo"”. “Gostava de ter jogado aquele jogo e ter descoberto tudo e ter vivido aquilo tudo pela primeira vez, como se não soubesse nada do que vem a seguir”, concretiza.

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