Óleo de Botticelli vendido por 92 milhões de dólares bate recorde do pintor

Retrato de jovem a segurar um medalhão multiplicou por nove a anterior marca do mestre renascentista, cuja Madonna e o Menino com o jovem São João Baptista fora vendida em 2013 por 10,4 milhões de dólares.

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A pintura a óleo Retrato de jovem a segurar um medalhão, do mestre renascentista italiano Sandro Botticelli (1445-1510), foi vendida esta quinta-feira em leilão por 92 milhões de dólares (cerca de 76 milhões de euros), pela casa internacional Sotheby's.

O valor da pintura, com mais de 500 anos e em bom estado, tinha sido estimado em mais de 80 milhões de dólares (cerca de 66 milhões de euros), multiplicando por oito o anterior recorde do mestre florentino, estabelecido em 2013, quando a sua Madonna e o Menino com o Jovem São João Baptista foi vendida por 10,4 milhões de dólares (cerca de 8,6 milhões de euros).

Muito disputada por dois licitadores no leilão desta quinta-feira, a pintura acabaria por ser vendida por 80 milhões de dólares no martelo, totalizando 92 milhões de dólares com impostos, o que faz dela a obra mais cara de Botticelli alguma vez leiloada e também a mais valiosa pintura de um mestre do Renascimento vendida pela Sotheby's.

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A obra não está datada, mas a Sotheby's coloca-a entre o final da década de 1470 e o início da década seguinte. Este terá sido o período mais prolífico do pintor Sandro Botticelli, nascido Alessandro di Mariano Filipepi, durante o qual se deslocou a Roma a pedido do Papa para decorar a Capela Sistina, e também pintou O Nascimento de Vénus e Primavera, duas das suas obras mais famosas.

Na posse de um coleccionador privado, o retrato foi exibido em vários museus e por longos períodos. A sua ida à praça foi amplamente publicitada pela Sotheby's, mas, de acordo com especialistas ouvidos pela publicação internacional The Art Newspaper, mesmo após exames de raio-x e infravermelhos subsistiam algumas dúvidas sobre a atribuição da obra.

“Ninguém duvida da beleza e da qualidade do retrato, mas ainda há alguns especialistas que se questionam se deveria ser atribuído a Botticelli ou à sua escola”, escreve a publicação, apontando, como exemplo, o historiador alemão e professor de arte Frank Zöllner, que, num catálogo de 2005 sobre as obras do artista renascentista, a incluiu no grupo das “atribuições contestadas e incertas”, sobretudo pela insuficiente informação precisa acerca da sua proveniência, que vai só até 1850.

No mesmo leilão foram vendidas outras obras de pintores renascentistas holandeses, flamengos, italianos e espanhóis, como o Relevo de Maria com o Menino, de Luca della Robbia, por cerca de dois milhões de dólares (1,6 milhões de euros), ou o Cristo descendo da Cruz, de Hugo van der Goes, por 3,6 milhões de dólares (2,9 milhões de euros).

Limitadas por restrições de saúde devido à pandemia de covid-19, que em particular privaram Nova Iorque das vendas públicas por dez meses, as vendas nas principais leiloeiras caíram esmagadoramente, mantendo-se apenas um volume significativo de actividade online.

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