Dois dias de Music Feeds, um festival online solidário com artistas

The Gift, Surma, The Legendary Tiger Man, Throes+The Shine, First Breath After Coma e Selma Uamusse estão entre os mais de 50 nomes da música que se juntaram para esta iniciativa.

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Os britânicos James, um dos nomes em cartaz (Saul Davies é o segundo a contar da esquerda) DR

Começa esta quinta-feira o festival online Music Feeds, que reuniu mais de 50 nomes britânicos, norte-americanos e portugueses com o intuito de “ajudar da melhor maneira possível” artistas e profissionais da música a braços com dificuldades. Serão mais de cinco horas de música, divididas por dois dias (28 e 29) e transmitidas em streaming a partir das 20h na Europa e seis horas depois (8 p.m. CST) nos EUA.

O cartaz inclui os portugueses The Gift, Surma, The Legendary Tiger Man, Throes + The Shine, First Breath After Coma e Blind Zero, a moçambicana Selma Uamusse e ainda, numa extensa lista, músicos e bandas como os James, Liam Gallagher, Sam Smith, Fontaines D.C., Amy Macdonald, The Boomtown Rats, Beverley Knight, Ferocious Dog, Memes ou The Supernaturals.

Saul Davies, guitarrista e violinista dos James, é o mentor desta iniciativa, uma espécie de “Live Aid” noutras proporções e destinada a combater carências alimentares entre os profissionais da música. Um ano depois de ter organizado a campanha “Many Faces” (nome de uma canção dos James) com o FC Porto, explica ao PÚBLICO como lhe surgiu a ideia de organizar Music Feeds: “Nesse primeiro evento, celebrámos valores que consideramos importante partilhar com as pessoas, como a inclusão, o respeito mútuo e a igualdade. Este festival é muito maior e nasceu da consciência de que muitos artistas e profissionais da música estão em dificuldades e necessitam de ajuda. De Janeiro de 2020 até hoje, o mundo mudou radicalmente. Em Outubro, havia no Reino Unido 12 mil bancos alimentares e eu senti que devia fazer qualquer coisa para ajudar.”

Foram dois a três meses de trabalho para organizar o festival. “Começou com pequenos passos, mas foi crescendo, crescendo. Ainda agora recebemos uma mensagem do apoio do Marcus Rashford [avançado do Manchester United], o que é fantástico, e no passado fim-de-semana juntou-se-nos o Bob Geldof [dos The Boomtown Rats e organizador dos monumentais Live Aid]”

Chegar aos 50 mil

Os participantes foram convidados a gravar até três canções. “Mas não foi fácil”, diz Saul Davies. “É claro que toda a gente quer ajudar, o problema é como. Porque muita gente não tem um palco, um local para actuar e gravar. E outros têm as bandas dispersas devido à pandemia. Mesmo assim, tivemos sorte porque no período em que as medidas de confinamento abrandaram foi possível juntar vários artistas e gravar.” E correu bem. “Não foram usados só estúdios caseiros, mas também salas de espectáculos em Exeter, Glasgow e Manchester, no Reino Unido, mas também na América, em Manhattan. Em Portugal, os Gift, por exemplo, gravaram num teatro em Alcobaça. Foi bom que na maioria dos casos os músicos das bandas tenham podido gravar juntos. Já a minha banda, os James, gravou separadamente, porque estamos em diferentes partes do mundo.”

Os bilhetes para o festival, abrangendo os dois dias, estão a ser vendidos a 13,5 euros, 17,5 dólares ou 15 libras, consoante o país onde vivam os compradores. O resultado das vendas beneficiará organizações de ajuda alimentar no Reino Unido e nos EUA, como a Fare Share, a Stage Hand, a Help Musicians e a Sweet Relief, podendo uma pequena parte dessa ajuda chegar eventualmente ao grupo português União Audiovisual. O número de bilhetes vendidos não é ainda conhecido, mas Saul Davies prefere ser optimista. “Na verdade, não sei quantos bilhetes foram já vendidos, porque muitas vendas acontecem à última hora. Mas se vendêssemos 50 mil isso já me deixaria muito feliz.”

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