Estudantes gregos em protesto contra a presença de polícia nas universidades

Governo de Kyriakos Mitsotakis quer ainda aprovar uma lei a limitar a cobertura jornalística de protestos.

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O Governo grego quer controlar as muito politizadas universidades gregas ORESTIS PANAGIOTOU/EPA
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ORESTIS PANAGIOTOU/EPA

Cerca de mil estudantes, segundo a polícia, manifestaram-se nesta quinta-feira em Atenas desafiando o confinamento para protestar contra um projecto de lei que admite, pela primeira vez na Grécia, a presença de polícias nas universidades.

“Os estudantes não são criminosos”, lia-se numa faixa transportada por manifestantes que usavam máscaras devido à pandemia.

Em Salónica, segunda cidade do país, no Norte, uma manifestação de centenas de estudantes foi dispersa pelas forças de segurança, com recurso a gás lacrimogéneo.

Há uma semana também se realizaram manifestações em Atenas e noutras cidades contra o projecto de lei que cria um corpo especial de polícia para patrulhar as universidades, espaços tradicionalmente muito politizados.

“As universidades são estruturas públicas essenciais que são alvo de ameaças contra a segurança”, indicou o ministro da Protecção do Cidadão grego, Michalis Chryssohoidis.

Na conferência de imprensa semanal desta quinta-feira, o porta-voz do Governo e antigo professor universitário, Christos Tarantilis, qualificou o projecto de lei de “emblemático”, sublinhando que deveria ter sido aprovado há vários anos.

A presença de polícia nas universidades é um assunto delicado na Grécia na sequência da repressão sangrenta em Novembro de 1973 pelo exército e pela polícia de um movimento estudantil na Politécnica de Atenas contra a Junta dos coronéis.

No poder há um ano e meio, o Governo de Kyriakos Mitsotakis fez da “segurança uma prioridade” e aumentou os efectivos das forças da ordem e os controlos.

A oposição e os media têm denunciado a repressão policial e a proibição de reuniões públicas no contexto das medidas para combater a pandemia da covid-19.

O Governo grego apresentou um “plano nacional de gestão das manifestações” que pretende “fixar lugares precisos para os jornalistas que as cobrem”, segundo Chryssohoidis.

A futura regra foi recebida com cepticismo e críticas pelos profissionais dos media gregos.

“Estamos muito preocupados. Opomo-nos a qualquer restrição à liberdade para cobrir as manifestações”, disse à agência noticiosa espanhola EFE o presidente da União dos Fotógrafos da Grécia, Christos Bonis.

A presidente da União de Jornalistas de Atenas, Maria Antoniadou, disse que o sindicato pediu aos seus advogados que analisassem o plano governamental.

Além das disposições relativas à imprensa, o plano prevê a criação de uma plataforma electrónica onde os organizadores devem anunciar o lugar e a hora dos protestos, podendo a polícia impor restrições, mudar o local ou proibir ou proibir as manifestações.

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