Ventura posiciona-se a solo contra toda “uma frente presidencial”

Candidato fez campanha em Boticas e condenou ainda a “cegueira ideológica” no sector da Saúde, “que não permite a intervenção do privado quando o Estado não dá vazão, pagando essas consultas urgências e operações por esses serviços”.

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AndrÉ Ventura fez campanha em Boticas Daniel Rocha

 O candidato presidencial do Chega, André Ventura, radicalizou ainda mais o seu discurso, posicionando-se contra os restantes seis concorrentes, concluindo que está “a meter medo” aos adversários e prometendo assim continuar até às eleições de 24 de Janeiro.

“Eles [os órgãos da comunicação social] bem tentam levar as outras candidaturas ao colo, mas já não cola, por muito que dêem o ar fofinho do João Ferreira ou da Marisa Matias ou do Marcelo Rebelo de Sousa, as sondagens já não sobem mais. É sinal de que lhes estamos a meter medo e vamos continuar a meter medo”, afirmou este sábado André Ventura, num almoço com apoiantes.

Num complexo turístico em Casas Novas, Boticas, no distrito de Vila Real, o deputado único do partido da extrema-direita parlamentar defendeu que, à medida que se avança para o fim desta campanha, todos os candidatos se rebelam contra” o Chega.

“Somos o alvo e o foco de todos. Todos perguntam se não vale a pena desistirem uns a favor dos outros com o único objectivo de não me deixarem ficar em segundo lugar”, disse, acrescentando que “todas as sondagens dizem” que o recém-formado partido nacional-populista esta à frente da CDU (PCP e “Os Verdes") destacadamente, à frente do BE e vai atrás do PSD”.

São também candidatos presidenciais: o incumbente Marcelo Rebelo de Sousa (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes"), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva ("Tino de Rans”, presidente do Reagir, Incluir, Reciclar).

“Há uma frente presidencial contra a minha candidatura. Enquanto pintam lábios de vermelho, não vêem filas de ambulâncias à porta dos hospitais, não vêem mulheres violadas cujos agressores estão cá fora, não vêem pedófilos que continuam à solta e a corrupção que grassa no país. É um país que perdeu a noção do ridículo e já esqueceu quais são as prioridades que é dar dignidade aos portugueses de bem”, lamentou.

Ventura referia-se à iniciativa bloquista nas redes sociais “#VermelhoemBelém”, que obteve grande adesão. Foram milhares os vídeos ou fotos de lábios vermelhos colocadas na Internet depois de Ventura, no comício nocturno de quarta-feira, em Portalegre, ter criticado as opções cosméticas de Marisa Matias, insultando ainda vários outros adversários.

O concorrente ao Palácio de Belém condenou ainda a “cegueira ideológica” no sector da Saúde, “que não permite a intervenção do privado quando o Estado não dá vazão, pagando essas consultas urgências e operações por esses serviços”. Ventura lamentou essa opção por parte da “esquerda apoiada por Ana Gomes, Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias”.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, denunciou hoje que há doentes transportados para os hospitais a passar “horas nas macas das ambulâncias”, tendo sido já registada a morte de um paciente dentro da ambulância sem entrar na unidade hospitalar, enquanto o director do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Daniel Ferro, disse que o Hospital de Santa Maria está em “sobre esforço”.

“Não podemos alinhar no discurso de que o Governo fez o que pode e a pandemia [de covid-19] foi uma catástrofe a que não podíamos dar resposta. Chega de socialismo, chega de miséria, chega de subdesenvolvimento em Portugal”, concluiu.

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