Marisa Matias visitou cuidadora informal e criticou o Governo pelos atrasos na atribuição de apoios

A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda escolheu visitar uma cuidadora informal, depois de ter sido elogiada pelo actual Presidente da República pelo seu papel nesta luta.

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Marisa Matias concorreu pela primeira vez às eleições presidenciais em 2016 Nuno Ferreira Santos

Se as pessoas não conseguirem ir até si, então Marisa Matias promete ir até elas. Foi com essa premissa que a candidata presidencial arrancou a sua campanha este domingo e foi com essa estratégia que começou o seu segundo dia na estrada. Rosália Ferreira, cuidadora informal da filha, Liliana, há mais de 40 anos, abriu as portas de sua casa na Charneca da Caparica, em Almada, para receber Marisa Matias e a candidata presidencial deixou críticas ao Governo em relação aos atrasos na regulamentação e implementação do estatuto do cuidador informal.

Depois de ter elogiado o papel de Marcelo Rebelo de Sousa na visibilidade dada à causa durante o seu mandato – e de ter também ouvido Marcelo a devolver o elogio e enaltecer a eurodeputada pela sua luta no reconhecimento dos cuidadores informais – Marisa ajustou o tom e recordou que em 2016, depois das presidenciais, convidou o Presidente da República para estar presente no primeiro encontro nacional de cuidadores informais, lamentando que Marcelo não tenha estado presente. “Consegui organizar o primeiro encontro de cuidadores e cuidadoras informais. Foi a primeira vez aqueles que puderam estar se conheceram fisicamente. Não foi fácil. Recordo-me de ter convidado todos os partidos políticos e o Presidente da República recém-eleito [Marcelo Rebelo de Sousa] e ter ficado sozinha com os cuidadores e cuidadoras informais.

Ao lado de Rosália Ferreira, Marisa Matias lembrou que existem cerca de 827 mil pessoas “silenciadas” e que cuidam “dos seus familiares 24 horas por dia, 365 dias por ano”. Apesar de o estatuto do cuidador informal ter sido aprovado em Julho de 2019, existem atrasos na aplicação do projecto-piloto. Orçamentado em cerca de 30 milhões de euros para 2020, o projecto-piloto deveria ter sido aplicado em 30 concelhos e chegado a um total de 38 mil cuidadores. Mas, no final de Dezembro, o subsídio de apoio ao cuidador informal – que ronda em média os 300 euros – chegou a apenas 100 cuidadores informais.

“O que está aprovado é um passo gigante, para quem nunca teve nada, mas não é suficiente”, assinalou Marisa Matias. A candidata defendeu que é preciso “continuar a trabalhar para que a lei possa consagrar não só o estatuto, mas que ele chegue a todos e tenha lá dentro todos os direitos e não apenas alguns.”

Rosália, por exemplo, viu o seu estatuto reconhecido, mas ainda não recebeu qualquer apoio. “Fiquei exactamente da mesma forma, tenho apenas o cartão que reconhece que sou cuidadora informal”, explicou.

A candidata presidencial reforçou que “a esmagadora maioria das pessoas não está abrangida” e defendeu que é preciso “continuar a fazer e a lutar é para dar densidade ao estatuto” de forma a que chegue mesmo a todos os cuidadores e cuidadoras “e tentar colmatar lacunas que não ficaram ainda no estatuto”, nomeadamente a possibilidade de se reformar não tendo uma carreira contributiva.

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