Hospital de S. João aproveita tranquilidade momentânea da covid-19 para recuperar listas de espera

Hospital do Porto tem 105 doentes internados com covid-19, 34 dos quais em cuidados intensivos. “Olhando para o que está a acontecer nas regiões Sul e Centro, é expectável que na região Norte, nos próximos dias, possamos ter um aumento elevado de casos. Pelo menos, estamos a preparar-nos para cenários mais exigentes”, diz Fernando Araújo.

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Responsável pelo maior hospital do Norte diz que mesmo que se avance para maior confinamento, medidas demorarão sempre “uma a duas semanas a ter efeitos” Nelson Garrido

O Centro Hospitalar e Universitário de S. João, no Porto, está a aproveitar a situação “tranquila” em termos de doentes covid-19 para recuperar listas de espera em outras patologias, na expectativa de que tudo pode mudar nos próximos dias. Isso mesmo disse o presidente do conselho de administração do hospital, Fernando Araújo, esta sexta-feira, no final de uma visita às obras da nova ala pediátrica, que deverá estar a funcionar no último trimestre deste ano.

Fernando Araújo referiu que, neste momento, estão internados 105 doentes com covid-19 no S. João, 34 dos quais na Unidade de Cuidados Intensivos. Uma situação “tranquila”, referiu, que permite que o hospital continue no nível 2 do plano de contingência e não no mais elevado nível 3, em que chegou a estar em Outubro e Novembro do ano passado. “Estamos a fazer uma gestão adequada, equilibrada, e a preparar-nos para um eventual crescimento [de casos covid-19] nos próximos dias ou semanas”, disse aos jornalistas, no final da visita às obras. 

O responsável pelo maior hospital do Norte do país afirmou que mesmo que se avance para medidas de maior confinamento, estas demorarão sempre “uma a duas semanas a ter efeitos” na evolução de casos, pelo que o expectável é que mais casos cheguem ao S. João em breve.

“Olhando para o que está a acontecer nas regiões Sul e Centro, é expectável que na região Norte, nos próximos dias, possamos ter um aumento elevado de casos. Pelo menos, estamos a preparar-nos para cenários mais exigentes. Esperamos que tal não aconteça, mas, se acontecer, estamos sempre um passo à frente da pandemia, com uma resposta sempre preparada para que não haja constrangimentos”, afirmou.

Enquanto tal não acontece, e o hospital não assume o nível 3 do plano de contingência — que prevê o cancelamento de parte da actividade programada, se tal for necessário — o S. João está a tentar dar resposta a doentes não covid-19 que viram tratamentos adiados por causa da resposta necessária à pandemia. “Estamos a aproveitar as condições para recuperar listas de esperar e para tentar dar resposta aos doentes não covid, que nos preocupam. O atraso na resposta pode ser impactante, portanto é muito relevante conseguirmos assegurar essa resposta enquanto podemos”, explicou Fernando Araújo, garantindo que o hospital está sempre “preparado para inverter este cenário se tal for necessário”.

O aumento de casos de covid-19 no país levou o Governo a decidir que, este fim-de-semana, será proibido circular entre concelhos no país (o que abrange praticamente todo o território) e a circulação na via pública durante as 13h. O primeiro-ministro António Costa disse, esta quinta-feira, que podem vir a ser aplicadas medidas mais restritivas de confinamento, dependendo da evolução do número de novos casos que, esta semana, por dois dias, rondou os 10 mil.

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