Governação, direitos humanos, recursos: África do Sul diz a Maputo para ir à raiz dos problemas em Cabo Delgado

Chefe da diplomacia da África do Sul diz que a recente cimeira da União Africana “decidiu que o papel dos interesses estrangeiros nos conflitos necessita de maior atenção”.

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LUSA/António SILVA

A chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, disse nesta segunda-feira às autoridades moçambicanas para resolverem as “causas” da violência armada em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, onde já morreram duas mil pessoas e 560 mil estão deslocadas.

“Silenciar as armas nessas situações requer lidar com as raízes do conflito, que invariavelmente incluem défices de governação, abusos de direitos humanos e contestação de recursos”, afirmou, em comunicado, a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, após um encontro com jornalistas em Pretória.

A governante sul-africana, que falava sobre as relações diplomáticas de Pretória na região e no mundo nos últimos 12 meses, adiantou que a recente cimeira da União Africana (UA), presidida pela África do Sul, “decidiu que o papel dos interesses estrangeiros nos conflitos necessita de maior atenção”.

“Dito isto, e apesar do impacto negativo da pandemia de covid-19, o continente [africano] ainda apresenta enormes oportunidades económicas para investidores internacionais e sul-africanos, particularmente nos sectores da mineração, agricultura e agronegócio, telecomunicações, infra-estruturas, hotelaria e turismo”, frisou Naledi Pandor.

“É importante maximizar essas oportunidades, pois a construção da economia regional é um factor chave para a paz e a estabilidade”, adiantou.

Além de Cabo Delgado, a governante sul-africana destacou também as situações da Líbia, da região do Sahel, do Sudão do Sul e da República Democrática do Congo, onde, disse, “há demasiadas pessoas a viverem em situação de instabilidade, violência e conflito”.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

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