A abandonada estação do Côa volta a ter vida em 2021

A desactivada linha do Douro entre o Pocinho e Barca D’Alva vai ganhar um novo ponto de interesse. Depois de ter sido inaugurada a sala de refeições Casas do Côro - Casa da Linha Férrea PK 173,822, no sítio da vandalizada estação vai nascer uma unidade de alojamento a dois passos do rio Douro.

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Luís Octávio Costa

Encerrada em 1988, a estação do Côa — que servia Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, desde o dia 5 de Maio de 1887 — vai deixar de ser uma ruína. Mais de trinta anos depois de ter sido abandonada, esta interface está agora nas mãos dos proprietários do projecto Casas do Côro, da aldeia histórica de Marialva, que planeiam fazer da antiga estação férrea uma unidade de alojamento que será a base de um projecto maior de turismo fluvial e que engloba a recuperação de mais seis apeadeiros e casas de manutenção da desactivada linha do Douro entre o Pocinho e Barca D'Alva.

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Paulo Romão, fundador das Casas do Côro, empreendimento que abriu as portas em 2000, confirmou à Fugas a vitória no concurso lançado pelas Infraestruturas de Portugal para concessão daquele espaço na margem esquerda do rio Douro e que, pela sua “dimensão e acessibilidade”, há muito tempo que tinha despertado o seu interesse. “Não estava disponível porque havia um compromisso com o Museu do Côa para um projecto que a Fundação tinha para aquele sítio e que não evoluiu”, explica Paulo Romão, que na altura não se deteve e avançou para o plano B, o de recuperação das casas de manutenção, uma concessão de 25 anos e um investimento a rondar um milhão de euros.

Entretanto foi inaugurada no Verão passado a primeira Casa da Linha Férrea PK 173,822 — todas terão a designação Casa da Linha Férrea e um código distintivo que remete para a abreviatura de “ponto quilométrico”, léxico que permitia referenciar uma ocorrência ou uma instalação ao longo da linha —, uma pequena sala de refeições a cerca de três quilómetros a montante da activa estação do Pocinho.

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Luís Octávio Costa

Com a estação do Côa nas suas mãos, a recuperação das restantes casas de manutenção, com projectos de arquitectura prontos, vai avançando em segundo plano. “O projecto de reabilitação da estação do Côa voltou às Infraestruturas de Portugal. Nós candidatámo-nos e vencemos. Desta forma, este edifício especial num local emblemático passou a ser prioritário”, justifica Paulo Romão.

O projecto de arquitectura (a cargo de João Rafael, responsável por todo este projecto da linha férrea) encontra-se em andamento e prevê-se que a obra possa avançar em Março do próximo ano para que esteja concluída em Setembro, “mês de vindimas” na região. Nesse meio termo vão avançando as obras de recuperação das restantes estruturas espalhadas ao longo da linha.

Hoje, a estação do Côa, vandalizada, tem pouco mais do que “quatro paredes” e uma vista “magnífica” sobre o rio. “Um dia olhei para as casas do caminho-de-ferro que estão todas em ruínas e percebi que é um património que importava recuperar. Com esta estação, o nosso projecto de turismo fluvial ganha outra dimensão.”

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O fundador das Casas de Côro encontra-se também em negociações com a João Portugal Ramos, que tem a concessão da estação de Castelo Melhor, para uma parceria para comercializar também este espaço, procurando criar “sinergias relevantes para o território”. “Está na altura de não se perder mais tempo e de pensar na linha para fins turísticos pelo menos até à estação do Côa. Essa situação transitória não hipoteca o futuro”, diz. O seu sonho passa por esse desígnio até que um dia possamos assistir ao regresso do comboio no troço que ligava Pocinho a Barca D'Alva.

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