Pedro Barroso homenageado em concerto no dia em que faria 70 anos

“Viva quem canta!” é um concerto-homenagem a muitas vozes ao cantautor Pedro Barroso (1959-2020), no exacto dia em que faria 70 anos. Este sábado, no Teatro Virgínia, em Torres Novas, às 18h30.

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Pedro Barroso PEDRO MATIAS

Estava anunciado para as 21h30, mas as medidas do estado de emergência levaram a uma alteração de horário, para as 18h30. Mas o espírito original não se alterou. E esse, segundo os promotores, é “um Concerto-Festa-Memória” com a participação de vários cantores e músicos, que ali darão voz às suas canções. Será este sábado, no Teatro Virgínia, em Torres Novas.

Com este concerto pretende-se ainda, de acordo com os promotores, “homenagear a coragem deste Trova-Dor [título do seu primeiro single de muitos discos, editado em 1970], com 50 anos de carreira, de fé visionária, de tenacidade forte e assombrosa, que o levou a recusar, com determinação, ‘a entrega fácil, (antes) buscando, sempre, alguns dos valores maiores’”, mostrando assim a sua gratidão pelo muito que disse, esculpiu, escreveu, ensinou, cantou, tocou e pintou.”

A data escolhida, 28 de Novembro, é a do seu aniversário: Pedro Barroso, que nos deixou no dia 17 de Março, no desenlace de uma longa luta contra um cancro, completaria agora 70 anos. O concerto conta com as vozes de Ana Laíns, António Laranjeira, Carlos Alberto Moniz, Francisco Fanhais, Francisco Naia, João Chora, Manuel Freire, Nuno Barroso, Teresa Tapadas e Vitor Sarmento, e com os músicos Ana Alves, David Zagalo, Luís Sá Pessoa, Manuel Rocha, Miguel Carreira, Pedro Fragoso, Ricardo Parreira, Rodrigo Serrão, Susana Santos. A apresentação estará a cargo de Armando Carvalhêda, que ao longo de mais de duas décadas tem estado à frente do Viva a Música, na Antena 1, um histórico programa da rádio pública dedicado exclusivamente à música portuguesa.

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Capa do disco Novembro

“Aqui vos deixo este aviso…”

Nascido António Pedro da Silva Chora Barroso a 28 de Novembro de 1950, em Lisboa (porque a mãe teve medo de tê-lo em Riachos, aldeia então com poucas condições), Pedro Barroso compôs inúmeras canções, mas também escrevia (tem vários livros editados), desenhava e pintava, como artista plástico amador, assinando Pedro Chora. Além de intervir com regularidade num blogue.

O seu derradeiro disco, editado postumamente no passado dia 20, tem por título NovembroQue Rumos, ampliando o título inicial, Novembro (por ser o mês do seu nascimento), já que a canção Que rumos foi gravada em dueto com o cantor e compositor espanhol Patxi Andión, que morreu de forma inesperada em Dezembro de 2019, num acidente de automóvel em Espanha. Canção onde ambos cantaram estas palavras de Pedro Barroso: “Aqui vos deixo este aviso/ Por tudo o que julguei urgente/ Viver é sempre improviso/ Por isso mesmo é preciso/ Crescer nas bermas do vento.”

No disco Novembro... Que Rumos, num texto datado de 26 de Dezembro de 2019 (o disco já estava pronto, mas o seu lançamento foi adiado primeiro devido à morte de Patxi e depois à de Pedro), Pedro Barroso escreveu: “Atravessei os dias deste país, desde velado e negro ao entusiasmo da estrada descoberta. Ao fim de uma vida cheia de episódios, amores, paixões e acreditares vários, as nossas exortações reduzem-se e transformam-se. Mas que nunca pereça o sentido maior da Liberdade. Quando o braço deixa de ter força para terçar armas de cavalaria, sobram a palavra e o conselho de ancião. Descobri também como causas prioritárias a humanidade, a arte, a ternura, o estudo, a tolerância e a paz. Continuemos todos a amar a vida nos seus objectos, sabores, cores, sons, pessoas e lugares.”

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