ECDC avisa: países que retirem medidas no Natal terão aumento de internamentos em Janeiro

As projecções do Centro Europeu de Controlo de Doenças indicam que Portugal deve atingir até ao final de Novembro o pico de novos casos, mas o de máximo óbitos diários deve acontecer em Dezembro.

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Reuters/FLORION GOGA

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) estima que se os países que em Outubro e Novembro tomaram novas medidas para controlar a pandemia as levantassem antes do Natal os internamentos hospitalares aumentariam na primeira semana de Janeiro.

Num documento em que faz estimativas de evolução da pandemia até 25 de Dezembro tendo em conta as medidas entretanto tomadas pelos países europeus, o ECDC diz que se os países levantassem as medidas para permitir as reuniões familiares no Natal isso iria sobrecarregar os hospitais logo no inicio de 2021.

Se essas medidas fossem suspensas, por exemplo, a 7 de Dezembro, “o aumento de internamentos poderia começar a ocorrer antes de 24 de Dezembro”, refere o ECDC.

As projecções do ECDC indicam que Portugal deve atingir até ao final de Novembro o pico de novos casos de covid-19, mas que o pico de óbitos deve acontecer já em Dezembro, com um número diário que se poderá manter elevado até ao Natal.

Ao contrário de outros países, cuja realidade ultrapassou as projecções do ECDC em número de casos e óbitos, como por exemplo em Espanha e em Itália (casos) ou na Holanda (óbitos), Portugal ficou, segundo este documento, sempre abaixo dos valores estimados pelo centro europeu.

Este sábado, o primeiro-ministro afirmou que ficaria “muito surpreendido” se não vigorar o estado de emergência no Natal, alegando que o conteúdo das medidas que estão a ser adoptadas é menos intenso, mas com maior extensão temporal.

“Ficaria muito surpreendido se não houvesse estado de emergência no Natal, porque isso significa que a evolução do combate à epidemia teria sido muito rápida”, declarou António Costa em conferência de imprensa. Apesar da insistência dos jornalistas, disse que não vai antecipar as medidas para a época festiva que se aproxima.

Casos podem reduzir se restrições se mantiverem

O ECDC prevê ainda que, dadas as medidas de resposta actualmente em vigor, “mais de metade dos Estados-membros da União Europeia vão observar uma redução de mais de 50% no número diário de casos confirmados e uma redução subsequente na procura hospitalar associada e nos óbitos”.

“Prevê-se que mais de dois terços dos Estados-membros assistam a alguma diminuição na taxa diária de casos confirmados em consequência da política actual. Se o comportamento retornasse ao de início de Abril de 2020, quando as medidas mais rigorosas estavam em vigor em toda a Europa, então todos os países deveriam ver um declínio na incidência de covid-19”, refere o ECDC.

O centro europeu reconhece que a previsão epidemiológica para a União Europeia e o Reino Unido “continua a ser um grande desafio”, uma vez que “depende muito das políticas aprovadas pelos Estados-membros”.

“Essas projecções foram feitas logo após a implementação de novas medidas, incluindo ordens de permanência em casa e outras recomendações”, explica o ECDC, justificando o facto de haver ainda “poucos dados observados” sobre o impacto destas decisões e de os intervalos de incerteza que acompanham estas projecções serem grandes.

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