Reinfecção pelo novo coronavírus é improvável durante, pelo menos, seis meses, diz estudo

Investigadores britânicos acompanharam casos de infecções junto de profissionais de saúde e chegaram a uma conclusão: “Não encontrámos novas infecções sintomáticas em nenhum dos participantes que tinham testado positivo para anticorpos”.

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Daniel Rocha

É improvável que pessoas que tiveram covid-19 voltem a contrair o novo coronavírus durante, pelo menos, seis meses depois da sua primeira infecção, segundo um estudo britânico dos profissionais de saúde na linha da frente da luta contra a pandemia do novo coronavírus.

“Isto são muito boas notícias pois podemos estar confiantes que, no mínimo a curto prazo, a maioria das pessoas que teve covid-19 não terá outra vez”, disse David Eyre, professor no departamento de saúde da população de Nuffield da Universidade de Oxford, um dos líderes do estudo. 

Estas conclusões podem descansar mais de 50 milhões de pessoas por todo o mundo que já ficaram infectadas, indicaram os investigadores de Oxford. Os casos isolados de reinfecção tinham levantado preocupações de que a imunidade pudesse ser de curta duração e que os doentes recuperados pudessem voltar a adoecer rapidamente.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) destacou os resultados do estudo. “Estamos a assistir, até ao momento, a níveis sustentados de resposta imunitária nos humanos”, disse Mike Ryan, o maior especialista em emergências da OMS, numa conferência de imprensa. “Também nos dá esperança do lado da vacina”, acrescentou.

Os resultados deste estudo, realizado entre profissionais de saúde britânicos (que se encontram entre os que correm maior risco de contrair o novo coronavírus), sugerem que os casos de reinfecção devem permanecer extremamente raros.

“Estar infectado com covid-19 oferece protecção contra a reinfecção à maioria das pessoas durante pelo menos seis meses”, disse David Eyre. “Não encontrámos novas infecções sintomáticas em nenhum dos participantes que tinham testado positivo para anticorpos.”

Maria van Kerkhove, líder técnica da OMS na covid-19, disse ainda que “precisamos de seguir estas pessoas durante um período de tempo mais longo para ver quanto tempo dura a imunidade”.

O estudo, parte de um grande programa de testes a estes profissionais, ocorreu durante 30 semanas entre Abril e Novembro de 2020. Os seus resultados, pré-publicados no site MedRxiv, ainda não foram revistos por outros cientistas. 

Durante o estudo, 89 dos 11.052 profissionais sem anticorpos desenvolveram uma nova infecção com sintomas, enquanto nenhum dos 1246 funcionários com anticorpos desenvolveu uma infecção sintomática.

Os profissionais de saúde com anticorpos também tinham menos probabilidades de ter teste positivo à covid-19 sem sintomas, referiram os investigadores, com 76 sem anticorpos com teste positivo, em comparação com apenas três com anticorpos. Esses três estavam bem e não desenvolveram sintomas, acrescentaram.

“Continuaremos a seguir cuidadosamente este grupo de pessoas para ver quanto tempo dura a protecção e se a infecção anterior afecta a gravidade da nova infecção”, concluiu Eyre.

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