“A culpa é toda minha. O mensageiro transmitiu mal a mensagem”, diz Costa

Costa considera que houve “equívocos” sobre as medidas e critica foco nas excepções, assumindo responsabilidade na confusão provocada sobre as novas medidas de contenção aplicadas a alguns concelhos para travar o avanço da covid-19 em Portugal.

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António Costa assume responsabilidade por falhas de comunicação na forma como foram anunciadas novas medidas de restrição LUSA

“É manifesto que o esforço de equilíbrio do Governo - seguramente por deficiência da nossa comunicação - gerou equívocos e abriu a porta, por um lado, a que tenha havido um excesso de concentração nas excepções e uma desvalorização da regra”, declarou o primeiro-ministro, esta quinta-feira, em conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, assumindo a responsabilidade: “A culpa é toda minha. O mensageiro transmitiu mal a mensagem”.

A culpa é toda minha porque certamente que foi o mensageiro que transmitiu mal a mensagem. E, portanto, nada como corrigir a mensagem. Agora a mensagem é muito simples: é mesmo para as pessoas ficarem em casa, as excepções são todas eliminadas, em particular aquelas que tiveram interpretação defeituosa”, começou por assinalar o primeiro-ministro, justificando o anúncio de regras mais apertadas com a evidente “vontade de incumprimento”. António Costa lamentou que, ao longo da última semana, se tenha vindo a assistir “a uma espécie de concurso para ver onde está a excepção para não cumprir a regra de se ficar em casa”.

“Há criatividade quanto a horários, promoção agressiva da venda de bens não essenciais e mesmo apelos por associações empresariais ao incumprimento das medidas decretadas no estado de emergência”, criticou o governante.

Neste contexto, de acordo com António Costa, o Governo foi “forçado a eliminar qualquer tipo de equívoco” no que respeita às restrições à liberdade de circulação nos concelhos mais atingidos pela covid-19 nos dois próximos fins-de-semana.

Governo ordena encerramento de comércio e restaurantes entre as 13h e as 8h ao fim-de-semana

“Houve um concurso para ver onde está a excepção para não ter de ficar em casa”, lamentou o primeiro-ministro. Por isso, o Governo declarou que todo o comércio e restauração fica assim proibido de abrir portas entre as 13h de sábado e as 8 horas de domingo; e entre as 13h de domingo e as 8h de segunda-feira. Mas, novamente, há excepções.

Os estabelecimentos que já abriam antes das 8h da manhã, como é o caso de padarias, exemplifica o primeiro-ministro, “podem continuar a praticar o horário habitual”. 

As excepções são:

  • Padarias;
  • Farmácias;
  • Consultórios médicos e veterinários;
  • Bombas de gasolina;
  • Estabelecimentos de venda de bens alimentares (incluindo de venda de produtos naturais e dietéticos) que tenham uma porta directa para a rua e uma área igual ou inferior a 200 metros quadrados;
  • Funerárias.

Há agora 191 concelhos com restrições mais apertadas

Também esta quinta-feira foi actualizada a lista dos concelhos alvo de medidas mais restritivas para fazer face ao avanço da covid-19, com sete municípios a deixam a lista vermelha e mais 77. São agora 191 os concelhos com restrições mais apertadas. 

Oito meses depois da chegada da pandemia a Portugal, António Costa declara que o país está numa situação pior do que aquela que estava na primeira vaga de covid-19. À saída da reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira, que durou mais de oito horas, o primeiro-ministro faz um balanço de um acatamento “generalizado" e de “um comportamento cívico exemplar”.

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