Fumeiro de Montalegre vai estar à venda online e salvar o rendimento de muitas famílias

“A gente trabalha para isto”, diz a produtora Rosa Mora. “É de onde a gente tira o nosso dinheiro”. Plataforma vai comercializar as tradicionais alheiras, chouriças e salpicões. Seria uma “tragédia económica” para muitos se o fumeiro não se vendesse, avisa a autarquia de Montalegre.

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Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã/Boaventura Moura

Produtores de fumeiro de Montalegre anunciaram vão aderir à plataforma online para venda das alheiras, chouriças e salpicões, anunciada pela autarquia, e aumentarem os canais de distribuição neste ano marcado pela pandemia de covid-19.

A plataforma “Fumeiro de Montalegre” deverá entrar em funcionamento em Janeiro e resulta de uma parceria entre o município e a Associação dos Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã.

A iniciativa da venda foi anunciada esta quinta-feira, no decorrer de uma reunião com os produtores de Montalegre que teve também como objectivo a preparação da feira do fumeiro prevista para o primeiro mês de 2021.

José Maria Pereira gostou do projecto que acredita que vai por o fumeiro “mais valorizado” na Internet e que vai ser um “passo decisivo” para ajudar a escoar as alheiras, chouriças, salpicões e presunto que se tornaram num factor de atracção para este concelho do distrito de Vila Real.

Devido aos seus 63 anos e porque não nasceu “com estas modernices”, considerou que a ajuda disponibilizada pela câmara e associação é muito importante.

“Já enviamos (fumeiro) pelo correio e, agora, com a plataforma estaremos muito mais acessíveis devido à divulgação que vai ser feita”, referiu.

Montalegre quer realizar a feira do fumeiro, prevista para Janeiro e sem data ainda definida para não coincidir com as eleições presidenciais, mas para além destes quatro dias de negócio os produtores locais já vendem também directamente aos clientes nas suas casas.

“Temos as cozinhas licenciadas e com todas as normas que podem assegurar a higiene dos produtos”, salientou José Maria Pereira que resolveu manter a produção idêntica aos anos anteriores.

Rosa Moura já tinha os 30 porcos antes da pandemia e decidiu que os vai transformar a todos em fumeiro. “A gente trabalha para isto (...). É de onde a gente tira o nosso dinheiro. A gente trabalha o ano inteiro para chegar a esta altura e conseguirmos vender os nossos produtos e tirar algum rendimento”, salientou.

Mesmo sabendo que esta será uma feira realizada em moldes diferentes, com menos pessoas e possivelmente menos produtos, Rosa Moura disse que vai tentar manter os clientes. “Temos clientes desde a primeira feira, quase como uma família. Era naqueles dias em que a gente se encontrava, acabava por ser um convívio”, frisou.

Os cuidados com a segurança e a higiene foram os conselhos mais ouvidos na reunião de hoje. Joaquina Costa disse que o encontro foi importante para ajudar a preparar os produtores e adiantou que já transformou três porcos e vendeu todos os produtos.

A venda online vai ajudar a complementar a venda que já faz também directamente em casa. “Às vezes ainda assávamos as chouriças para dar a provar e agora não, nem podemos, mas eles (clientes) também compreendem”, referiu.

Também Preciosa Canto concorda com a venda pela Internet e referiu que já vende “bastante em casa”. Esta produtora disse que prevê transformar 15 porcos, menos cinco do que no passado e mostrou-se apreensiva com a pandemia de covid-19.

Há 58 produtores registados no município do distrito de Vila Real. Na feira realizada em Janeiro foram comercializadas cerca de 50 toneladas de fumeiro, com um volume de negócios na ordem dos três milhões de euros.

David Teixeira, vice-presidente da Câmara de Montalegre, disse que são precisas novas formas de “chegar aos consumidores” e considerou como uma “tragédia económica para as famílias” se o fumeiro não se vender.

O autarca explicou que os consumidores poderão fazer as encomendas e pagar os produtos através da plataforma e anunciou que o município vai assumir os custos do transporte para encomendas acima dos 100 euros, para, por exemplo, restaurantes, que será feita um dia por semana nos municípios até ao distrito do Porto.

Haverá também a possibilidade de se fazerem encomendas para levantamento em casa dos produtores ou num local que ficará reservado para o efeito na feira. 

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