Rui Rio fala alemão, mas não é Angela Merkel

Rui Rio não esclareceu ainda como é possível que a extrema-direita vá viabilizar um governo do PSD nos Açores, e se o faz com base num acordo ou não (o PSD diz que não e o partido de extrema-direita diz que sim, o que além de tudo só por si já seria razão para rejeitar publicamente qualquer aceitação de um apoio ou viabilização dos seus deputados a um governo regional do PSD).

Foi há apenas nove meses. No estado alemão da Turíngia, no leste do país, a 5 de fevereiro deste ano, após umas eleições que não tinham dado maioria clara a ninguém, o parlamento estadual elegeu na sua terceira votação um político do partido liberal FDP, Thomas Kemmerich, com os votos do partido de Angela Merkel, a democrata-cristã CDU, e do partido de extrema-direita, AfD. Note-se que não tinha havido qualquer acordo entre os liberais, os democratas-cristãos e a extrema-direita. Os liberais tinham apresentado o seu candidato de forma meramente simbólica e a extrema-direita, que tinha o seu próprio candidato, decidiu secretamente votar no candidato liberal para negar a continuidade na chefia de governo a Bodo Ramelow, político de esquerda que fora do antigo partido comunista da RDA, e que era apoiado também pelos Verdes e pelos sociais-democratas. De repente, sem poder imaginar que tal fosse suceder, o partido liberal, que tinha tido a menor votação das eleições, via-se alcandorado à liderança do governo na Turíngia, com (entre outros) os votos da extrema-direita.

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