Trump e Biden em campanha pelos estados indecisos — mas primeiro o Presidente votou

O Presidente e o seu adversário democrata, Joe Biden, fazem campanha nos estados indecisos que podem ser cruciais para o resultado de umas presidenciais que estão a bater recordes de voto antecipado.

Foto
Donald Trump votou na manhã deste sábado em Palm Beach, na Florida TOM BRENNER/Reuters

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, votou neste sábado no estado da Florida antes de realizar comícios em três dos chamados estados indecisos — que podem dar a vitória a um ou outro candidato nas presidenciais de 3 de Novembro. Trump junta-se aos 53 milhões de eleitores que já votaram por antecipação, um número recorde neste ano de pandemia.

Segundo dados de sexta-feira do US Elections Project, já votaram por correio ou presencialmente 53 milhões de eleitores, e o director deste site que monitoriza o processo eleitoral, Michael McDonald, citado pelo jornal The Guardian, diz que a estimativa é que 150 milhões de eleitores possam votar antecipadamente, ou seja 65% do total de eleitores.

No Texas, já votaram por antecipação mais 70% dos que fizeram essa opção em 2016. Na Georgia houve quem esperasse dez horas numa longa fila para votar e no Wisconsin 1,1 milhões e pessoas já votaram, por exemplo.

Muitos estados alargaram o prazo da votação antecipada, presencial e por correio, por este ser um método mais seguro de votar num país onde a covid-19 já matou 221 mil pessoas. 

Donald Trump (Partido Republicano), que disputa a presidência com o democrata Joe Biden, votou em West Palm Beach, perto da sua propriedade de Mar-a-Lago  o Presidente mudou no ano passado a sua residência de Nova Iorque para a Florida, um dos estados considerados cruciais na batalha pela Casa Branca. “Votei num tipo chamado Trump”, disse depois de votar.

O Presidente chegou à Florida na sexta-feira à noite, tendo realizado um comício no aeroporto de Pensacola, onde, apelando ao voto da chamada população latina, disse apoiar a liberdade em Cuba, Venezuela e Nicarágua. As sondagens mostram que, na Florida, este eleitorado está cada vez mais mobilizado para votar, quando no passado tinha uma taxa de abstenção grande.

"Estou aqui para votar”, disse Trump aos apoiantes. O Presidente vai votar presencialmente e tem-se manifestado contra o voto correspondência, apesar de já o ter usado duas vezes, diz a Reuters: nas primárias republicanas em Março e numa eleição estadual em Agosto. 

Trump tem dito que o voto por correspondência potencia a fraude, o que já foi desmentido por técnicos e analistas. Mas quer o Presidente quer o aparelho do Partido Republicano têm feito campanha contra este tipo de voto e pela rejeição de parte deles. Estes votos por correspondência podem ser determinantes em alguns estados, por exemplo a Carolina do Norte e a Florida.

As regras para o voto por correspondência variam de estado para estado. Alguns exigem assinaturas. E os votos podem ser rejeitados se não estiverem assinados, se for considerado que estão mal assinados ou se a assinatura no registo de eleitor não for exactamente igual à do voto  é o caso da Carolina do Norte e da Florida, onde, diz o The Conversationum site de análise política onde escrevem académicos e investigadores, “há milhares de votos que poderão vir a ser rejeitados”. Estatisticamente, prossegue o site, o voto por correspondência é mais usado por minorias e democratas

Não se sabe quando tempo demorará a contar todos os votos por correspondência, depois de dia 3 de Novembro, e que peso terão para se determinar quem venceu as eleições presidenciais.

Trump segue para a Carolina do Norte, Ohio e Wisconsin, todos estados indecisos. Num outro indeciso, a Pensilvânia, vai estar o candidato do Partido Democrata  Biden deixa, porém, Barack Obama a fazer campanha a seu favor na Florida; será a segunda intervenção nas presidenciais do anterior Presidente, que na quarta-feira esteve num comício em apoio de Biden na Pensilvânia.

A nível nacional, as sondagens mostram Joe Biden à frente de Trump. Mas os números estaduais revelam uma batalha mais cerrada pela vitória, sobretudo nos estados indecisos, o que justifica a aposta dos candidatos a escassos dez dias da eleição. 

No dia 3, os eleitores não elegem directamente o chefe de Estado, elegem um colégio de grandes eleitores e são estes que escolhem o Presidente. O número de grandes eleitores (538 no total, o candidato necessita de eleger pelo menos 270 para ganhar) varia de estado para estado, de acordo com o seu peso demográfico e sócio-económico.

Na Pensilvânia, um estado que ambos os candidatos precisam de vencer e onde são eleitos 20 grandes eleitores, (na Florida são 29, na Carolina do Norte 15), a sondagem Reuters/Ipsos mostra Biden à frente de Trump por quatro pontos percentuais, mas em queda  há uma semana a Reuters/Ipsos davam sete pontos de avanço ao democrata.

Biden vai fazer comícios drive-in em Bucks County e Luzerne County, perto da sua terra natal de Scranton, onde vai estar acompanhado pelo músico Jon Bon Jovi. Trump ganhou em Luzerne County em 2016 (contra Hillary Clinton), mas perdeu em Bucks County.

Sugerir correcção