Outubro Rosa em tempo de covid-19: é urgente anular os danos

Depois do confinamento e dos efeitos colaterais da pandemia covid-19 registaram-se menos 26.100 mulheres com mamografia realizada. Há que recuperar urgentemente a realização dos exames de diagnóstico e outubro é o tempo certo para fazê-lo.

Outubro é o mês do cancro da mama. Chamam-lhe Outubro Rosa, desde final do século passado, em nome do estímulo geral à prevenção. Aliás, daqui a uns dias, a 30, assinala-se o Dia Nacional da Luta Contra o Cancro da Mama e só vejo uma forma de marcar, este ano, a efeméride. Depois do confinamento e dos efeitos colaterais da pandemia covid-19 registaram-se menos 26.100 mulheres com mamografia realizada. Há que recuperar urgentemente a realização dos exames de diagnóstico e outubro é o tempo certo para se saber como. Assinalar o combate contra o cancro da mama com respostas é o que se quer.

Sei, de experiência feita, há cinco anos atrás, também por estes dias de outubro, a importância de um diagnóstico atempado. Daquela vez o intervalo entre mamografias foi, quase por um acaso, de oito meses, o tempo do cancro instalar-se. Dá bem conta do quanto é perigoso baixar a guarda. E baixa-se a guarda quando não são feitos despistes e quando se desliza no tempo a realização desses despistes.

É pública a percentagem de mulheres, entre os 50 e os 70 anos, com pelo menos uma mamografia realizada nos dois últimos anos. A média do ano passado foi de 40,1%. O primeiro semestre deste ano regista 34,7%. São números que reclamam melhoria, para ontem, porque o tempo é precioso. Salva mamas. E salva vidas. Pode diminuir a intensidade dos tratamentos.

Não minimizo o duplo combate que hoje é exigido – doentes covid e doentes não covid –, mas o cancro da mama (como os outros) chega inicialmente assintomático. Por isso, os rastreios, em geral, têm de recuperar os dois meses e meio de paragem, e a percentagem desconfortável do número de mulheres vigiadas tem de ser invertido atempadamente. Fazê-lo é cumprir o Outubro Rosa… ou torná-lo menos negro.

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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