Desactivada base logística do grupo terrorista Resistência Galega em Coimbra

PJ apreendeu vários utensílios utilizados no fabrico de engenhos explosivos, como relógios, temporizadores e telemóveis para activação remota de cargas explosivas, cerca de 30 quilos de pólvora e uma panela de pressão igual às usadas pelo grupo terrorista em diferentes atentados.

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O material apreendido no imóvel em Coimbra Guardia Civil/POLÍCIA JUDICIÁRIA
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Guardia Civil/POLÍCIA JUDICIÁRIA

A Polícia Judiciária desactivou uma base logística do grupo terrorista Resistência Galega em Coimbra, tendo apreendido vários utensílios utilizados para fabricar e activar engenhos explosivos, incluindo 30 quilos de pólvora. Segundo o PÚBLICO apurou, a operação decorreu em Novembro do ano passado, mas só foi anunciada esta segunda-feira devido a um pedido das autoridades espanholas, que só recebem esta semana o material apreendido.

Em comunicado, a PJ explica que, no âmbito de uma operação policial da Unidade Nacional Contra Terrorismo (UNCT), “e em estreita cooperação com a Guardia Civil, desenvolveu uma investigação com vista à detecção de ligações a Portugal, mais concretamente à região Centro, do grupo terrorista denominado Resistência Galega”.

A 9 de Novembro de 2019, foi identificado uma espécie de armazém numa zona central de Coimbra que seria utilizado como “casa de recuo”. Trata-se de uma garagem convertida em habitação que foi arrendada pelo grupo, que pagou antecipadamente as rendas relativas a um largo período de tempo. 

Após a emissão de um mandado de busca, “foi apreendido no interior deste espaço vasto material probatório, correlacionado com as actividades terroristas levadas a cabo por este grupo independentista, destacando-se inúmeros utensílios utilizados na fabricação de engenhos e artefactos explosivos, nomeadamente relógios, temporizadores e telemóveis preparados como dispositivo de activação remota de cargas explosivas; dispositivos pirotécnicos e engenhos explosivos improvisados, uma carga total de aproximadamente 30 quilogramas de pólvora, livros, apontamentos manuscritos e manifestos de propaganda dos ideais da Resistência Galega”.

Foi ainda apreendida uma panela de pressão, “para confinamento de carga explosiva, igual às usadas por este grupo terrorista em diferentes atentados, bem como material utilizado para falsificação de documentos, como carimbos de instituições públicas espanholas e plastificadoras a quente”. 

Entre 2005 e 2011, este grupo independentista levou a cabo mais de 35 ataques com explosivos, em várias regiões espanholas, tendo realizado atentados contra partidos políticos, sedes de entidades bancárias e empresas com sede na Galiza.

A PJ refere que, embora não haja vítimas a registar, “foram provocados avultados danos materiais em diversos edifícios públicos e privados”, “causando estas acções enorme alarme social”. Em 2014, a Resistência Galega foi por isso considerada pelo Supremo Tribunal de Justiça espanhol como um grupo terrorista.

O comunicado da PJ destaca que, desde 2006, “os líderes desta organização viviam na clandestinidade, tendo sido detidos pelas autoridades espanholas em Junho de 2019, encontrando-se actualmente a aguardar julgamento, sujeitos à medida de coacção de prisão preventiva”.

A Judiciária sublinha que, durante a investigação, dirigida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) Regional de Coimbra, “não foi identificada qualquer outra ligação efectiva ou envolvimento directo de cidadãos nacionais na organização terrorista”, para além das ligações logísticas a Portugal. A PJ marcou para as 15h uma conferência de imprensa na sua sede, em Lisboa, onde serão mostradas imagens do material apreendido. 

 

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