FC Porto vai ser ouvido em processo contra a FIFA no Tribunal Arbitral do Desporto

Em 2019, “dragões” foram multados em 44 mil euros pelo papel que o fundo de investimento Doyen desempenhou na transferência de Brahimi. Sporting e Benfica também foram alvo de multas nestes negócios, cujos contratos foram revelados pela plataforma Football Leaks.

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Transferência de Brahimi está no centro deste processo Reuters/MIGUEL VIDAL

O FC Porto vai ser ouvido no Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), na Suíça, no âmbito de um processo que avalia alegadas irregularidades na transferência do franco-argelino Yacine Brahimi para os “dragões”, em 2014. O PÚBLICO confirmou junto do TAD que esta audição, agendada para o dia 3 de Dezembro, se prende com o recurso apresentado pelos “azuis e brancos”, que tinham sido multados pela FIFA em 50 mil francos suíços – cerca de 44 mil euros – em Fevereiro de 2019.

A coima inicialmente definida foi confirmada pela Comissão de Disciplina da FIFA em Setembro do ano passado, tendo merecido recurso dos “dragões”. Esta sanção foi motivada pela participação do fundo de investimento Doyen Sports Investments na transferência do médio, que serviu cinco temporadas ao serviço dos “azuis e brancos” – tendo cumprido a totalidade do contrato antes de sair a custo zero para uma equipa no Qatar. 

A FIFA considerou que o contrato de Brahimi, divulgado na plataforma Football Leaks, permitia que uma terceira parte – a Doyen – influenciasse a autonomia e independência do clube quanto a futuras movimentações dos jogadores.

A Doyen chegou a deter 80% dos direitos do passe do argelino, sendo que o fundo de investimento teria direito a uma indemnização caso o FC Porto tivesse uma proposta acima dos 20 milhões de euros e desejasse manter o jogador na equipa. Cláusulas contratuais que eram comuns a vários negócios intermediados pela Doyen e celebrados no mercado de transferências nacional. Este modelo de gestão por terceiros (também conhecido como TPO) seria posteriormente banido pela FIFA.

Mas não foi apenas o FC Porto a ficar em “sarilhos” perante a FIFA nestes negócios de jogadores. O Benfica e o Sporting também foram multados por terem violado as regras que proíbem a propriedade de passes de futebolistas por parte de terceiros: as “águias” foram multadas em 150 mil francos suíços (cerca de 125 mil euros), enquanto os “leões” receberam uma coima de 110 mil francos suíços (cerca de 92 mil euros).

Na altura, o porta-voz dos “dragões” na reacção a esta sanção foi o director de comunicação do clube, Francisco J. Marques. Num dos programas temáticos do clube no Porto Canal, relembrou os casos dos rivais, considerando a multa injusta pelo facto de o médio ter cumprido a totalidade do contrato, não se vislumbrando, na sua opinião, qualquer influência do fundo de investimento.

“Esta notícia está a ter uma proporção inusitada em comparação a multas idênticas a Benfica e Sporting, por razões idênticas. No ano passado o Benfica foi multado em 150 mil francos (125 mil euros) e Sporting em 110 mil francos suíços (92 mil euros). Isto prende-se com contrato do Brahimi, cujo financiamento da transferência foi feito pelo fundo Doyen. Esta multa parece-nos injusta. Qual foi a interferência dessa terceira parte se o jogador assinou um contrato de cinco anos e está no último ano de contrato, sempre ao serviço do FC Porto”, afirmaria, em Fevereiro de 2019, no Porto Canal.

O site Football Leaks, gerido por Rui Pinto, divulgou vários negócios intermediados pela Doyen, que o acusa de uma tentativa de extorsão que se encontra actualmente a ser julgada no Campus da Justiça, em Lisboa. 

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