A lenta queda do Benfica na Europa

Chegou a estar entre as cinco equipas com melhor ranking da UEFA, mas as más campanhas na Liga dos Campeões atiraram o clube “encarnado” para o 20.º posto.

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O Benfica ficou cedo pelo caminho na edição deste ano da Champions Reuters/ALEXANDROS AVRAMIDIS

O Benfica tem legitimidade histórica para reclamar um lugar na mesa principal do futebol europeu. E época após época, o seu presidente Luís Filipe Vieira prometeu um regresso a esses tempos. Jorge Jesus fez uma declaração de ambição europeia e o investimento feito foi em contraciclo para sustentar essa promessa e essa ambição. Mas o Benfica não passou em Salónica e tudo terá de ser recalibrado à medida de objectivos mais modestos. Só que o que aconteceu frente ao PAOK não é caso único no historial recente dos “encarnados” nas competições europeias e isso já se reflecte no seu ranking europeu.

Nesta época, apesar da saída da Champions, o Benfica ainda pode pontuar bastante – os “encarnados” saltam directamente para a fase de grupos da Liga Europa e serão cabeças-de-série no sorteio. Ao contrário do dinheiro, ganhar na Champions ou na Liga Europa dá os mesmos pontos, e o Benfica poderá melhorar o seu ranking com uma boa campanha – e tem no banco um treinador que já foi a duas finais desta competição.

Olhando para a última década, o Benfica teve cinco anos consecutivos no top-10 entre os clubes com melhor ranking, chegando mesmo ao quinto lugar depois de ter chegado à final da Liga Europa (a segunda consecutiva) em 2014. Mas as sucessivas campanhas negativas na Champions têm feito mossa e o Benfica já não conta com os pontos das suas melhores épocas na Europa da última década, aquelas em que chegou à final da Liga Europa (derrotado em 2013 pelo Chelsea e, em 2014, pelo Sevilha).

À entrada para esta época, os “encarnados” estão em 20.º no ranking da UEFA, com 70 pontos, que é a soma dos pontos que teve entre as épocas 2015-16 e 2019-20. Neste período, estão o que de melhor e pior o Benfica fez na Champions – a melhor foi em 15-16, os “encarnados” chegaram aos quartos-de-final, onde foram eliminados pelo Bayern Munique, a pior foram as seis derrotas na fase de grupos em 17-18.

FC Porto ultrapassa Benfica

E já não é de agora que o Benfica perdeu o estatuto de melhor equipa portuguesa nos rankings da UEFA. A época 2016-17 foi a última em que os “encarnados” tiveram esse estatuto, perdido nas três temporadas seguintes para o FC Porto – os portistas abriram uma enorme distância para o Benfica graças às épocas em que passaram a fase de grupos da Champions, mas a sua classificação actual não é muito melhor, 19.º, com 75 pontos.

Sem a Champions, o Benfica está obrigado a fazer uma boa campanha na Liga Europa, quanto mais não seja porque a tal época em que chegou aos “quartos” da liga milionária (em que somou 22 pontos) vai deixar de entrar nas contas do ranking (que é calculado pelas cinco épocas anteriores), e porque ainda vai ter de carregar mais um par de anos a época em que apenas contabilizou os quatro pontos que são atribuídos a todas as equipas que entram na fase de grupos. Para já, começa com os três pontos atribuídos a todas as equipas que estão na fase de grupos da Liga Europa.

Esta não foi a primeira vez que Jorge Jesus falhou o acesso à fase de grupos da Champions. Em 2015-16, como treinador do Sporting, o técnico amadorense caiu no play-off frente ao CSKA Moscovo. Os “leões” venceram a primeira mão, em Alvalade, por 2-1, e chegaram a estar a vencer por 0-1 em Moscovo, antes de perderem por 3-1. Mas naquela que seria a sua última época em Alvalade, em 2017-28, Jesus conseguiu levar o Sporting à fase de grupos às custas do Steaua de Bucareste – 0-0 em Alvalade e 1-5 na Roménia. E, enquanto treinador do Benfica, Jesus ultrapassou duas eliminatórias para chegar à fase de grupos da Champions de 2011-12, afastando, sucessivamente, Trabzonspor e Twente.

Aconteça o que acontecer com o Benfica (e a outras equipas portuguesas) nas competições europeias, a boa notícia é que, tendo assegurado o sexto no ranking por países, Portugal volta a ter duas entradas directas na fase de grupos da Champions em 2021-22, mais uma equipa na terceira pré-eliminatória.

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