Preços dos combustíveis e lazer empurram inflação para zero em Agosto

Pandemia influenciou evolução dos preços de diversos bens. Coeficiente de actualização das rendas para 2021 será nulo.

Foto
Nelson Garrido

Apesar de em alguns bens, como os produtos alimentares ou as refeições em restaurantes, a pandemia ter conduzido a uma subida dos preços, as descidas verificadas nos combustíveis e na actividades relacionadas com a cultura e o lazer conduziram, em Agosto, a uma nova descida da taxa de inflação, que se encontra agora a zero e em linha com o que acontece no resto da Europa.

Numa confirmação da primeira estimativa apresentada no último dia do mês passado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou esta quinta-feira que a taxa de inflação homóloga no passado mês de Agosto se situou em 0%. Isto é, em média, comparando com o mesmo mês do ano passado, os preços não se alteraram em Portugal.

No entanto, olhando especificamente para algumas classes de produtos, é possível perceber que houve, ao longo do ano, variações significativas, para cima e para baixo, dos preços registados.

Nas subidas, destaca-se em particular o segmento dos restaurantes e hotéis, cuja variação homóloga dos preços foi de 1,7%. Esta subida regista-se especificamente nos restaurantes (nos serviços de alojamento a variação dos preços até é negativa) e já foi mais significativa no início da pandemia.

Ainda mais significativo é o aumento de preços nos produtos alimentares e nas bebidas não alcoólicas, com uma variação homóloga de 2,3% em Agosto. Também aqui se regista um abrandamento da subida de preços, que em Abril chegou a estar nos 3,8%.

No sentido descendente estão os preços dos produtos energéticos, que em Agosto ficaram 4,1% abaixo do nível do ano passado. Ainda assim, em Maio, a variação homóloga negativa chegou aos 10,9%.

Os preços do segmento de lazer, recreação e cultura, que inclui por exemplo livros, entradas para espectáculos ou férias organizadas, também estão a cair face ao ano passado, apresentando uma variação negativa de 3% em Agosto.

Este cenário de inflação nula está em linha com aquilo que está a acontecer no resto da Europa. Aliás, a taxa de inflação harmonizada (que segue critérios acordados a nível europeu) em Portugal em Agosto foi mesmo de -0,2%, precisamente o mesmo valor registado no total da zona euro.

Esta descida da inflação para valores negativos na zona euro está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE) que prefere evitar os riscos de caída da economia numa situação de deflação, em que a descida de preços acaba por conduzir a uma retracção persistente do consumo e do investimento.

Os dados agora publicados pelo INE vieram também confirmar que as rendas habitacionais e comerciais terão uma actualização nula em 2021. O coeficiente de actualização das rendas – que se aplica tanto às rendas habitacionais comerciais e industriais, exceptuando os contratos de arrendamento realizados antes de 1990, no caso dos habitacionais, ou de 1995, no caso dos não habitacionais – é calculado com base na taxa de inflação média dos últimos doze meses excepto habitação em Agosto, e que ficou em -0,03%.

Sugerir correcção