MUBi acusa Governo de falta de resposta na defesa dos mais vulneráveis em relação aos carros

Segundo a associação, Portugal tem dos índices de sinistralidade rodoviária dentro de localidades mais elevados da Europa.

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Rui Gaudencio

A Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) lamenta que “o carro continue a ser rei e senhor e a matar aqueles que, por necessidade ou opção, usam os modos de deslocação ambiental, social e economicamente mais sustentáveis”. Segundo a associação, Portugal tem dos índices de sinistralidade rodoviária dentro de localidades mais elevados da Europa. Em 2018, o país sofreu o maior número de acidentes dentro de localidades em dez anos. O comunicado da associações surge em reacção ao atropelamento de uma jovem na sexta-feira passada no Campo Grande, em Lisboa. O sinistro motivou o agendamento de protestos para esta quinta-feira às 19h, junto ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa e em vários outros pontos do país, organizado por diversas organizações ligadas ao uso da bicicleta.

De acordo com o comunicado, a MUBi afirma que a Assembleia da República “deliberou por unanimidade recomendar ao Governo a adopção de medidas de redução do risco rodoviário sobre os utilizadores vulneráveis”, como resposta a uma petição que contou com dez mil subscritores. As medidas sugeridas, como “acções de educação para a cidadania rodoviária, intensificação da fiscalização rodoviária de comportamentos perigosos e a criação de mais zonas de velocidades reduzidas nas cidades portuguesas”, não obtiveram qualquer resposta do Governo, protestam. 

O organismo também teceu críticas às tomadas de posição da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, considerando que “continua submergida no paradigma obsoleto da dependência da utilização excessiva do automóvel, a insistir em campanhas de culpabilização das vítimas e em não querer combater o risco rodoviário na sua fonte”. Esta fonte é precisamente a “utilização excessiva do transporte motorizado individual e os comportamentos perigosos na sua condução”.

O desenho das cidades, que muitos activistas dizem favorecer o uso do automóvel, tem motivado pedidos para novas medidas de segurança e de desencorajamento do uso de transporte motorizado individual, em favor de modos de mobilidade suaves, como as bicicletas. Algumas das medidas propostas incluem a criação de zonas 30 (zonas em que os carros não podem circular a velocidades superiores a 30km/h), bem como a colocação de radares e de câmaras em semáforos.

Em relação à manifestação nacional “Nem mais um atropelamento”, organizado pela FPCUB - Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta e apoiado por associações como a Braga Ciclável e Ciclaveiro, há pontos de encontro marcados, às 19h, para Aveiro, Braga, Évora, Faro, Guarda, Mértola, Porto e Santarém, além da de Lisboa.

Texto editado por Ana Fernandes

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