Antes de morrer, George Floyd disse mais de 20 vezes que não conseguia respirar

“Pára de gritar”, responderam-lhe os polícias. Transcrição feita através de uma câmara na farda de um dos polícias revela novos dados sobre a morte do afro-americano em Mineápolis.

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Mural de homenagem a George Floyd em Atlanta, Georgia ERIK S. LESSER/EPA

O afro-americano George Floyd, cuja morte às mãos da polícia provocou protestos anti-racismo nos Estados Unidos e no resto do mundo, disse aos agentes mais de 20 vezes que não conseguia respirar, de acordo com uma transcrição policial divulgada na quarta-feira.

A transcrição foi feita através de uma câmara fixada na farda de Thomas Lane, um dos quatro polícias acusados no caso e cuja defesa está a tentar que as acusações contra ele sejam retiradas, apontando para o principal arguido, Derek Chauvin.

Até agora, os últimos minutos da vida de Floyd eram conhecidos graças a vídeos divulgados por várias pessoas, mas o documento fornecido por Lane mostra o momento, que ocorreu a 25 de Maio em Mineápolis, de uma forma ainda mais dramática.

“Vão matar-me, vão matar-me”, disse Floyd, de 46 anos, ao que Chauvin respondeu: “Pára de falar, pára de gritar, é preciso muito oxigénio para falar”.

Chauvin foi aquele que sufocou Floyd ao pressionar o joelho contra o seu pescoço durante mais de oito minutos, durante os quais o afro-americano repetiu mais de 20 vezes que não conseguia respirar.

Os apelos de Floyd tiveram como resposta dos polícias envolvidos frases como “relaxa” (Tou Thao), “respira fundo” (Lane) ou “estás bem, estás a falar bem” (Alexander Kueng).

Floyd também disse aos polícias que tinha estado infectado com covid-19 e que estava a ter dificuldades em respirar. A certa altura, Lane perguntou a Chauvin - o mais experiente dos quatro polícias - se deviam virar Floyd para o lado, mas este respondeu que “não”.

Lane insistiu que estava preocupado com a saúde de Floyd, uma vez que parecia estar sob a influência de alguma substância. “Bem, é por isso que uma ambulância está a chegar”, disse Chauvin, que não levantou o joelho do pescoço de Floyd até que um paramédico lhe disse para o fazer.

Chauvin é acusado de homicídio em segundo grau e homicídio involuntário em terceiro grau, enquanto Lane, Thao e Kueng são acusados de cumplicidade e homicídio em segundo grau.

Lane, que saiu sob fiança de 750 mil dólares, argumentou que foi a sua primeira semana naquela força policial e que foi Chauvin quem tomou as decisões que levaram à morte de Floyd. 

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