Investimento empresarial deverá cair 8,9% em 2020 devido à pandemia

Quebra agora estimada compara com a previsão inicial de aumento de 3,6% no inquérito de Outubro de 2019

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Indústrias transformadoras correspondem ao contributo negativo mais acentuado Pedro Fazeres

O investimento empresarial deverá diminuir nominalmente 8,9% em 2020, contrariamente à previsão de aumento de 3,6% avançada em Janeiro, devido ao impacto da pandemia na actividade económica e expectativas das empresas, divulgou hoje o INE.

“De acordo com as intenções manifestadas pelas empresas no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de Abril de 2020 (com período de inquirição entre 1 de Abril e 25 de Junho de 2020), o investimento empresarial em termos nominais deverá diminuir 8,9% em 2020, o que compara com a previsão inicial de aumento de 3,6% no inquérito de Outubro de 2019 [divulgado a 24 de Janeiro] sobre as intenções para 2020”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo explica, a contracção do investimento e a revisão em baixa face aos resultados do inquérito anterior “reflectem o impacto da pandemia covid-19 na actividade económica e nas expectativas das empresas, que se fez sentir significativamente a partir de Março de 2020”.

“É importante notar que cerca de 51% das respostas das empresas foram obtidas ainda durante o mês de Abril, sendo portanto possível que algumas das respostas não traduzam ainda reajustamentos das intenções de investimento e reflictam ainda os planos pré-pandemia”, precisa o instituto estatístico.

Os resultados do inquérito agora divulgado apontam ainda para um crescimento nominal de 4,3% do investimento em 2019, revendo em alta o resultado apurado no inquérito de Outubro (3,8%).

Segundo o INE, relativamente a 2020, oito das 13 secções apresentam taxas de variação negativas da Formação Bruta de Capital Fixo [FBCF] empresarial, destacando-se com contributos negativos “mais acentuados” as “indústrias transformadoras” (contributo de -6,0 pontos percentuais e variação de -21,5%) e o “comércio por grosso e a retalho"; “reparação de veículos automóveis e motociclos” (contributo de -3,0 pontos percentuais e variação de -18,2%).

Em sentido inverso, as secções de “transportes e armazenagem” e de “actividades financeiras e de seguros” registam os contributos positivos mais significativos para a variação do investimento total em 2020 (+3,1 e +0,7 pontos percentuais, respectivamente), correspondentes a taxas de crescimento de 39,6% e 9,8%, pela mesma ordem.

De acordo com o INE, o “principal factor limitativo” do investimento empresarial identificado pelas empresas em 2019 e 2020 foi a deterioração das perspectivas de venda, seguindo-se, em 2019, a incerteza sobre a rentabilidade dos investimentos e em 2020 outros factores limitativos.

Entre 2019 e 2020 prevê-se um aumento do peso relativo da deterioração das perspectivas de venda e uma redução do peso relativo da dificuldade em contratar pessoal qualificado.

O Inquérito de Conjuntura ao Investimento do INE foi realizado a uma amostra de 3.622 empresas com mais de quatro pessoas ao serviço, com um volume de negócios no ano de selecção da amostra de pelo menos 125 mil euros.

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