Mais duas mortes e 443 casos de covid-19. Norte com quatro vezes mais novos casos do que na segunda-feira

Há mais 269 recuperados, num total de 29.714. Estão internadas 512 pessoas, das quais 74 em unidades de cuidados intensivos. A região de Lisboa e Vale do Tejo continua a registar a maioria dos novos casos de infecção, mas a Norte casos continuam a aumentar desde segunda-feira.

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Miguel Manso

Portugal registou, esta quarta-feira, mais duas mortes (mais 0,1%) e 443 casos de infecção pelo novo coronavírus, o que representa um aumento de 0,99% em relação a terça-feira. É o maior aumento diário registado nos últimos dez dias, quando se confirmaram 457 novos casos a 28 de Junho. Dos novos casos, 327 (74%) foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

A região Norte regista mais 77 casos relativamente ao dia anterior, quando na segunda-feira o aumento diário foi de 18 infecções. É também o maior aumento no número de casos diários na região desde o dia 10 de Maio, quando foram registados 98 novos casos.

Há 512 pessoas internadas, mais uma do que na terça-feira, das quais 74 em unidades de cuidados intensivos (menos duas do que no dia anterior). Já foram dadas como recuperadas 29.714 pessoas, 269 nas últimas 24 horas. Neste momento há 13.514 casos activos, número que resulta da subtracção dos recuperados e dos óbitos ao total de infecções.

Os dados foram divulgados esta quarta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), actualizado diariamente. A taxa de letalidade em Portugal é de 3,6%. Cerca de 86% das pessoas que morreram com covid-19 tinham mais de 70 anos. O boletim desta quarta-feira não apresenta o quadro das idades relativo aos infectados.

O relatório continua sem incluir a actualização dos dados por concelho. A DGS refere que está “a realizar a verificação de todos os dados com as autoridades locais e regionais de saúde que ficará concluída durante os próximos dias”.

A região de Lisboa e Vale do Tejo contabiliza o maior número de casos (21.256), seguindo-se o Norte (17.900), o Centro (4232), o Algarve (676) e o Alentejo (551). Os Açores registam 149 infecções e a Madeira 95.

Desde o início da pandemia confirmaram-se 44.859 casos de infecção, morreram 1631 pessoas e 29.714 recuperaram.

Detectado foco no Hospital de São José

Na conferência de imprensa sobre a situação da pandemia no país, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou que foi detectado um foco de covid-19 no Hospital de São José, em Lisboa.

“Estão a fazer-se testes e foram retirados doentes das áreas consideradas afectadas”, afirmou Graça Freitas, destacando que “ainda é precoce dizer qual o número de casos”.

A secretária de Estado da Saúde, Jamila Madeira, sublinhou que “o trabalho de vigilância e acompanhamento próximo nas áreas mais afectadas tem sido fundamental”. Mas, disse, “continua a ser fundamental também a atitude de cada um de nós enquanto cidadãos, não só nos concelhos onde persistem mais casos e surtos, mas também no resto do país”, acrescentou durante a conferência de imprensa.

“Hoje, como ontem, urge continuarmos a manter a disciplina e o cumprimento das recomendações das autoridades de saúde”, afirmou Jamila Madeira.

Relativamente ao estudo mencionado por Marcelo Rebelo de Sousa, que revela que não há uma ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico, Graça Freitas explicou que esse “foi apenas um estudo que relacionou linhas de comboio na região da Grande Lisboa e o número de casos que existiram nessas freguesias”.

“É um estudo, tem o significado que tem, carece de outros estudos e é apenas um indício, naquelas circunstâncias especiais, naquelas linhas e freguesias especiais, de que não parece ter havido uma relação neste tempo de observação. Os estudos valem exactamente por isso, dizem respeito a determinadas populações em determinadas circunstâncias e, portanto, não são contraditórios, são apenas estudos que partiram de bases diferentes”, afirmou.

Criado grupo de trabalho para alteração da dispensa de medicamentos

A secretária de Estado da Saúde anunciou que foi criado um grupo de trabalho, liderado pelo Infarmed, “para potencial alteração da dispensa de medicamentos”. Jamila Madeira destacou que “durante os meses de recolhimento, entre 17 de Março e 17 de Maio, entre os diferentes modelos adoptados pelos hospitais, foi possível servir um total de 152.061 utentes”.

O grupo de trabalho “vai apresentar uma proposta a respeito de uma eventual transferência de determinados medicamentos com prova de eficácia e segurança e já com genéricos comercializados para potencial alteração da dispensa em farmácia hospitalar e comunitária e produzir resultados em 60 dias”, avançou a secretária de Estado da Saúde.

O presidente do Infarmed, Rui Ivo, aproveitou a conferência de imprensa para explicar que em causa estão medicamentos para o VIH, esclerose múltipla, patologias auto-imunes como a artrite reumatóide, algumas doenças oncológicas e relativos à área da transplantação.

“A própria mobilidade dos doentes no seio do SNS levou a que devêssemos procurar formas de facilitar o acesso do medicamento ao doente. Há um princípio muito importante que é o de privilegiar a opção do doente. Há algum tempo têm vindo a ser desenvolvidas iniciativas pelos hospitais, temos modelos diferentes de várias iniciativas que procuram que o medicamento possa chegar ao doente da forma mais cómoda. É evidente que temos que assegurar condições de segurança e que questões de qualidade não são colocadas em causa”, notou.

Graça Freitas rejeita cerca sanitária em Reguengos de Monsaraz

Sobre o surto em Reguengos de Monsaraz, a directora-geral da Saúde destacou que “à medida que esta epidemia foi evoluindo, o que se tem feito são actuações muito mais cirúrgicas e viradas para o nível do terreno. Portanto, o que se faz são medidas de contenção à volta de focos de doença, mas que não carecem de uma interrupção de comunicação de uma área territorial grande com outra área. Para que isso aconteça têm que estar reunidas determinadas circunstâncias, que não é o caso do que se passa neste momento em nenhuma região de Portugal”, notou.

Graça Freitas aproveitou ainda a conferência de imprensa para destacar que “as pessoas assintomáticas podem transmitir a doença e que, exactamente porque são assintomáticas e não se conhecem, constituem um risco acrescido”. Embora admita que as autoridades não sabem “exactamente o grau com que as assintomáticas propagam a doença”, garantiu que “Portugal é até o país que mais detecta casos assintomáticos” e que têm sido feitos “imensos rastreios”.

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