Nova plataforma visa detectar e prevenir quedas de idosos através de sensores vestíveis

Projecto recebeu 75 mil euros do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia.

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As quedas são um dos maiores problemas da população idosa Paulo Pimenta

Investigadores do Fraunhofer AICOS e da Escola Superior de Enfermagem do Porto estão a desenvolver uma solução tecnológica que, com recurso a sensores vestíveis, visa detectar automaticamente quedas de idosos e, consequentemente, preveni-las.

Em declarações à agência Lusa, Joana Silva, investigadora do Fraunhofer AICOS (Research Center for Assistive Information and Communication Solutions) explicou que o projecto, intitulado FRADE, visa desenvolver um sistema tecnológico para “monitorizar o movimento, detectar quedas e avaliar a actividade física de idosos”.

“Já é sabido que as quedas são um dos maiores problemas da população idosa no domicílio e em instituições. Por isso, esta solução tecnológica foi uma oportunidade que identificámos nesta área para conseguir conciliar três tecnologias para três propósitos diferentes, mas que se centram muito neste problema”, afirmou.

O sistema, que vai ser desenvolvido por investigadores da Associação Fraunhofer Portugal Research e da Escola Superior de Enfermagem do Porto até ao final do ano, integra várias componentes, entre elas, sensores vestíveis (wearables), uma aplicação para computadores, outra para tablets e um portal online.

Segundo Joana Silva, os sensores vestíveis, que estão a ser desenhados, mas poderão ter a forma de um clip, vão permitir “recolher dados e monitorizar o movimento” dos idosos e, com base, na actividade física, “delinear uma estimativa do risco de queda”.

“O sensor, que ainda estamos a desenhar, mas poderá ter, por exemplo, a forma de um clip, permite fazer a avaliação do movimento da pessoa e, através de algoritmos, identificar momentos no qual a pessoa caiu. Sempre que existe a detecção da queda, o sensor comunica com a base de dados e esta envia um alerta para um familiar ou cuidador, por exemplo, através de uma mensagem”, explicou a investigadora.

Paralelamente, uma vez “delineado o risco de queda” do idoso, o sistema vai disponibilizar um conjunto de exercícios de prevenção das quedas com base no programa de exercícios de Otago, programa de prevenção de quedas reconhecido mundialmente” pelos profissionais de saúde.

Os dados recolhidos pelo sensor, nomeadamente, sobre o movimento e actividade física do idoso, podem depois ser consultados pelo cuidador e pelos profissionais de saúde da Escola Superior de Enfermagem do Porto, através do portal que vai ser desenvolvido no âmbito do projecto.

Joana Silva afirmou ainda que a solução tecnológica pode vir a ter “muito potencial”, isto porque, além de dar “uma resposta atempada às quedas”, contraria também “alguns perfis de risco elevado”, uma vez que um dos propósitos da solução é aumentar as capacidades funcionais dos idosos através dos exercícios propostos.

A solução desenvolvida vai ser testada em Setembro com cerca de 25 idosos do Norte do país, que inicialmente vão receber o sensor vestível, bem como o tablet onde estão calendarizados os exercícios que têm de fazer durante oito semanas.

Num momento inicial, os enfermeiros vão explicar aos utilizadores como usar a aplicação e periodicamente ao longo dos testes-piloto fazer visitas e acompanhar remotamente os idosos.

Com um financiamento de 75 mil euros, o FRADE é um dos três projectos de saúde “inovadores e promissores” da Universidade do Porto distinguidos pelo programa EIT Health InnoStars, do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT).

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