Boavista deve apresentar novo investidor aos sócios no dia 30

Vasco Seabra já assinou e será o técnico “axadrezado” na próxima temporada. Projecto de Gérard Lopez prevê aposta na formação e independência em relação ao Lille.

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Os sócios do Boavista vão decidir se querem vender a maioria do capital da SAD a GÉrard Lopez LUSA/FERNANDO VELUDO

Com a manutenção garantida, o Boavista já está a preparar a próxima temporada e para a I Liga 2020-21 prevêem-se muitas mudanças no Estádio do Bessa. A principal está relacionada com a entrada do novo investidor. O projecto do multimilionário luxemburguês Gérard Lopez vai ser apresentado aos sócios em Assembleia Geral, que segundo o PÚBLICO apurou deverá realizar-se no dia 30, e o primeiro técnico do futuro dono de 51% da SAD boavisteira será Vasco Seabra, que esta temporada treinou o Mafra. Em entrevista a um jornal francês, Lopez garantiu que os portuenses terão total independência em relação ao Lille e revelou o que pretende fazer nos “axadrezados”: apostar na formação para tornar o Boavista “um grande em Portugal”.

Para já, do lado do Boavista, oficialmente apenas é confirmado a existência de “um acordo que prevê a exclusividade negocial da maioria do capital social da SAD com o grupo liderado por Gérard Lopez”, mas o PÚBLICO confirmou que o magnata luxemburguês já injectou um milhão de euros no clube, tendo inclusivamente indicado os nomes que colocará na SAD boavisteira, assim como de jogadores para o futuro plantel, que será liderado por Vasco Seabra.

O técnico, de 36 anos, conseguiu esta época colocar o Mafra, que tinha um dos orçamentos mais baixos da II Liga, na luta pela subida – era 4.º classificado, quando o campeonato foi interrompido -, e terá a segunda oportunidade no principal escalão do futebol português: natural de Paços de Ferreira, Seabra trocou em Dezembro de 2016 os juniores pacenses pela equipa principal, mas, dez meses mais tarde, foi substituído por Petit.

Habituado a trabalhar na formação (juniores do Paços de Ferreira e sub-23 do Estoril), Vasco Seabra liderará no Bessa uma tentativa de regresso ao passado dos “panteras negras”. Reconhecido por ter uma das melhores escolas de formação em Portugal, o Boavista formou nos anos 90 jogadores como João Pinto, Nuno Gomes, Petit, Raul Meireles, Bosingwa, Mário Silva, Delfim, Pedro Emanuel ou Litos e, mais recentemente, Bruno Fernandes e André Gomes, mas a grave crise financeira e desportiva que o clube atravessou fez deitar por terra aquele que era um dos pontos fortes dos “axadrezados”.

Porém, Gérard Lopez, que tem como seu conselheiro Luís Campos, que conhece bem as potencialidades dos boavisteiros, pretende recuperar essa valência no clube do Porto. Para isso, uma das primeiras decisões do “novo” Boavista será a aposta numa equipa de sub-23, que vai competir na próxima época na Liga Revelação da FPF, o que implica substituir o actual sintético do campo de treinos do Bessa por um relvado.

A aposta na formação dos boavisteiros foi, aliás, um dos temas abordados pelo dono do Lille em entrevista ao La Voix du Nord, um jornal regional francês, com sede em Lille. Questionado sobre os projectos que tem para o Boavista e para o Mouscron, Gérard Lopez deixou claro que tem objectivos diferentes para os dois clubes. Se os belgas serão uma espécie de “equipa B” do Lille, recebendo por época nove ou dez jovens jogadores do clube francês, para os portugueses Lopez garante ter ideias mais ambiciosas: “A ideia é que Boavista viva a sua vida sozinho, beneficiando da nossa experiência em explorar e atrair jogadores. Para torná-lo um grande clube em Portugal, queremos descobrir e formar jogadores lá. É essa a ideia.”

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