Programa de mobilidade activa da câmara de Lisboa criticado pela MUBi
O facto de só os estudantes terem acesso ao apoio para a compra de bicicletas convencionais é uma das críticas.
As medidas de promoção da mobilidade activa da Câmara Municipal de Lisboa (CML) foram alvo de críticas da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi). Em comunicado, a associação aponta o dedo ao programa de apoio à aquisição de bicicletas convencionais por só abranger estudantes a partir do 1º ciclo e até ao ensino universitário, residentes em Lisboa, ou que frequentem um estabelecimento de ensino localizado na cidade.
Segundo a MUBi, “uma bicicleta sem assistência é a melhor opção de mobilidade para muitas pessoas. Uma boa bicicleta dobrável, por exemplo, pode custar o mesmo que uma bicicleta eléctrica de qualidade inferior, e é uma opção mais vantajosa para a conjugação com transportes públicos.” Esta medida contrasta com o regulamento de outro programa, do Fundo Ambiental, no qual se inclui apoio nas bicicletas convencionais a qualquer candidato.
Este desequilíbrio para as bicicletas eléctricas no programa da CML também se verifica nas bicicletas de carga, lê-se no comunicado da associação. Contudo, este tipo de bicicleta é já um “investimento de vulto, e mesmo as convencionais são mais caras que muitas bicicletas eléctricas”. A CML também exclui dos apoios as bicicletas com atrelados que, segundo a MUBi, são uma boa forma de transformar uma bicicleta normal numa bicicleta de carga. Além disso, segundo a associação, existe outra lacuna no acesso ao programa: este encontra-se vedado a empresas e outras entidades colectivas, o que representa uma perda de “oportunidade de incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte logístico junto das empresas”.
Por outro lado, a MUBi aplaude “a coragem de retirar vias de circulação e lugares de estacionamento em algumas vias”, bem como o abandono de colocação de ciclovias no passeio na Avenida da Índia e na Avenida Gago Coutinho. Contudo, acrescenta a associação, dentro do contexto actual de pandemia é necessária a implementação de “corredores adjacentes a passeios estreitos (menos de três metros)”, que impossibilitam a manutenção de distanciamento físico entre peões. Estes corredores devem estar preparados “para o acomodamento multimodal (peões, bicicletas, micromobilidade).”
A perigosidade das intersecções também foi examinada: segundo a MUBi, é aqui que ocorrem os sinistros mais graves e, por conseguinte, é necessária uma “intervenção muito ponderada de redução efectiva de velocidades motorizadas nas intersecções nos projectos de corredores”.
Texto editado por Ana Fernandes