Programa de mobilidade activa da câmara de Lisboa criticado pela MUBi

O facto de só os estudantes terem acesso ao apoio para a compra de bicicletas convencionais é uma das críticas.

Foto
rui Gaudencio

As medidas de promoção da mobilidade activa da Câmara Municipal de Lisboa (CML) foram alvo de críticas da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi). Em comunicado, a associação aponta o dedo ao programa de apoio à aquisição de bicicletas convencionais por só abranger estudantes a partir do 1º ciclo e até ao ensino universitário, residentes em Lisboa, ou que frequentem um estabelecimento de ensino localizado na cidade.

Segundo a MUBi, “uma bicicleta sem assistência é a melhor opção de mobilidade para muitas pessoas. Uma boa bicicleta dobrável, por exemplo, pode custar o mesmo que uma bicicleta eléctrica de qualidade inferior, e é uma opção mais vantajosa para a conjugação com transportes públicos.” Esta medida contrasta com o regulamento de outro programa, do Fundo Ambiental, no qual se inclui apoio nas bicicletas convencionais a qualquer candidato.

Este desequilíbrio para as bicicletas eléctricas no programa da CML também se verifica nas bicicletas de carga, lê-se no comunicado da associação. Contudo, este tipo de bicicleta é já um “investimento de vulto, e mesmo as convencionais são mais caras que muitas bicicletas eléctricas”. A CML também exclui dos apoios as bicicletas com atrelados que, segundo a MUBi, são uma boa forma de transformar uma bicicleta normal numa bicicleta de carga. Além disso, segundo a associação, existe outra lacuna no acesso ao programa: este encontra-se vedado a empresas e outras entidades colectivas, o que representa uma perda de “oportunidade de incentivar a utilização da bicicleta como meio de transporte logístico junto das empresas”.

Por outro lado, a MUBi aplaude “a coragem de retirar vias de circulação e lugares de estacionamento em algumas vias”, bem como o abandono de colocação de ciclovias no passeio na Avenida da Índia e na Avenida Gago Coutinho. Contudo, acrescenta a associação, dentro do contexto actual de pandemia é necessária a implementação de “corredores adjacentes a passeios estreitos (menos de três metros)”, que impossibilitam a manutenção de distanciamento físico entre peões. Estes corredores devem estar preparados “para o acomodamento multimodal (peões, bicicletas, micromobilidade).” 

A perigosidade das intersecções também foi examinada: segundo a MUBi, é aqui que ocorrem os sinistros mais graves e, por conseguinte, é necessária uma “intervenção muito ponderada de redução efectiva de velocidades motorizadas nas intersecções nos projectos de corredores”. 

Texto editado por Ana Fernandes

Sugerir correcção