Para representante do Estado, compra falhada da Embraer pela Boeing “não fará a diferença” na OGMA

Responsável das indústrias de defesa salienta que brasileiros continuam interessados na indústria aeronáutica de Portugal.

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O avião da Air Astana em Beja, depois da aterragem de emergência LUSA/NUNO VEIGA

O representante do Estado na OGMA Marco Capitão Ferreira afirmou esta quarta-feira que a falhada tentativa de compra da Embraer pela Boeing “não fará diferença” para a empresa de aeronáutica detida em 65% pelo consórcio brasileiro.

Numa audição a pedido do PCP sobre a situação das OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, Capitão Ferreira foi questionado pelo deputado António Filipe pelas possíveis consequências para a empresa portuguesa, detida em 65% pela Embraer, do “período conturbado” após a anunciada compra pela Boeing, que depois desistiu da operação.

Na resposta, o representante do Estado na administração da empresa afirmou que a OGMA “é uma empresa separada da Embraer” e que “sempre esteve previsto continuar com a Embraer, mesmo que a operação com a Boeing se consumasse”.

“Para a OGMA não fará diferença”, sublinhou Marco Capitão Ferreira, que é também presidente da idD, a plataforma das indústrias de defesa nacionais.

Pelo contrário, garantiu, dado que a Embraer “tem a OGMA como prioridade” e com os seus objectivos de aumentar a facturação, a exportação e conseguir mais emprego qualificado.

Apesar de o Estado português deter 35% do capital da empresa, após a privatização de 2004, Marco Capitão Ferreira afirmou que continua a fazer sentido a participação pública, face às necessidades da Força Aérea Portuguesa (FAP).

A empresa é um “instrumento importantíssimo para manutenção das aeronaves da FAP”, acrescentou.

Nesta audição, aquele responsável relativizou as conclusões do relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários que concluiu que o avião da Air Astana, que em 2018 aterrou de emergência no aeroporto de Beja, descolou da OGMA com os cabos de comandos dos “ailerons”, direito e esquerdo, invertidos. 

O relatório “não assaca responsabilidade à OGMA, mas sim a uma série de atores no processo”, alegou Capitão Ferreira.

Depois desta audição, seguiu-se outra, mas à porta fechada. A do general e ex-chefe da Força Aérea Luís Araújo, que foi afastado de representante do Estado na OGMA e que, em 4 de Abril, afirmou sair “triste e magoado”. Marco Ferreira escusou-se a fazer qualquer comentário sobre esta frase, afirmando não poder pronunciar-se “sobre o estado de alma do general Luís Araújo”.

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