Covid-19: mais seis mortes e 451 casos em Portugal. Número de infectados não subia tanto desde 8 de Maio

Lisboa e Vale do Tejo registou o maior aumento desde 9 de Junho, com 339 novos casos. Número de casos activos é o mais alto desde que foi adoptada a nova estratégia de contagem de recuperações, a 23 de Maio. Número de internados também subiu.

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Cuidados intensivos de doentes covid-19 no hospital Beatriz Ângelo, em Loures Miguel Manso

Portugal regista esta sexta-feira mais seis mortes por covid-19, um aumento de 0,39%, somando-se um total de 1555 vítimas mortais no país desde o início do surto. Há mais 451 pessoas infectadas, a maior subida diária no número de casos desde 8 de Maio (em que foram registados 553 casos), que eleva para 40.866 o número total de casos identificados em Portugal. Face a quinta-feira, é uma subida de 1,1% no número de infecções.

O relatório de situação diário divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) regista 339 novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, cerca de 75% das infecções detectadas nas últimas 24 horas.

Mais 251 pessoas foram dadas como recuperadas nas últimas 24 horas, o que faz aumentar o número total de recuperações para 26.633. Excluindo estes casos e os óbitos, há 12.678 casos activos em Portugal, mais 194 do que na quinta-feira, a maior subida desde 9 de Junho. O número de pessoas ainda infectadas é o mais alto desde 23 de Maio, um dia antes de ter sido aplicada a estratégia de contagem de recuperações que tem sido utilizada desde então.

Há 457 pessoas internadas (mais 21 do que no dia anterior), das quais 67 estão nos cuidados intensivos (o mesmo número de quinta-feira). O número de doentes internados é o mais alto desde 1 de Junho, altura em que estavam hospitalizados 471 infectados.

A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou esta sexta-feira, durante a conferência de imprensa sobre a situação da epidemia em Portugal, que a taxa de letalidade geral por covid-19 é agora de 3,8%. Acima dos 70 anos, sobe para 16,5%. De acordo com o boletim, todas mortes registadas nas últimas 24 horas tinham 60 ou mais anos: uma vítima mortal tinha entre 60 e 69 anos e as restantes cinco tinham acima de 80 anos.

Dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão em Lisboa

A região de Lisboa e Vale do Tejo registou quatro mortes e 339 novos casos – é a maior subida no número de casos desde 9 de Junho, dia em que foram identificadas 386 infecções por covid-19. A região soma um total de 18.106 casos e 457 óbitos desde o início do surto.

A ministra da Saúde admitiu, na conferência de imprensa desta sexta-feira, que as autoridades de saúde estão “a ter dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão” na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), tendo por isso metido “no terreno” algumas ferramentas adicionais. Marta Temido referiu que as medidas anunciadas na quinta-feira, após a reunião do Conselho de Ministros, têm como objectivo “estancar o mais possível as cadeias de transmissão”.

“Os trabalhos da Saúde Pública têm sido reforçados, com envolvimento de outros profissionais da área da saúde pública para LVT e a disponibilidade de profissionais de outros serviços centrais, como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e pessoas ligadas à academia, para uma melhoria da velocidade de resposta aos inquéritos epidemiológicos”, um acompanhamento dos casos positivos, avaliação do cumprimento das orientações, para uma maior ligação à comunidade (em termos de apoio e visitas domiciliárias) e fiscalização das forças de segurança, explicou Marta Temido.

“Foi por isso que ontem [quinta-feira] determinamos um quadro sancionatório que seja sobretudo preventivo do incumprimento, que é isso que nos preocupa. A única resposta que temos e a transparente é a da verdade, que sempre procuramos manter e que vamos continuar a trabalhar para quebrar as cadeias de transmissão e não vale desistir”, concluiu.

 A região Norte, com o segundo maior número de casos acumulados desde Março, contabiliza 17.441 casos e 816 mortes, tendo sido detectadas 69 infecções nas últimas 24 horas. Marta Temido referiu que estes casos estão ainda maioritariamente associados ao surto no Lar de Cinfães.

O boletim desta sexta-feira indica também que foram identificadas 40 novas infecções no Alentejo, elevando o total para 449 casos – a região viu, nos últimos 10 dias, um aumento de 56% no número de casos (tinham sido detectados 287 casos até 16 de Junho). Os novos casos no Alentejo estão associados à situação do Lar de Reguengos de Monsaraz, onde há 128 casos positivos e foi registada a segunda vítima mortal, a quarta na região. O aumento de infecções está também associado a focos mais pequenos, “mesmo muito pequenos”, como descreveu a ministra, dando o exemplo do surto no parque de campismo de Grândola. “Há também uma ou duas situações epidemiológicas em Elvas e Campo Maior”, referiu, dizendo que as cadeias de transmissão estão todas identificadas. 

Foram ainda detectados mais dois casos na Madeira e um caso no Centro. Os Açores e o Algarve não têm registo de novas infecções.

Marta Temido indicou que, dos 339 novos casos registados em Lisboa e Vale do Tejo nas últimas 24 horas, 234 situam-se nos concelhos “mais preocupantes” já identificados da Área Metropolitana de Lisboa. Lisboa voltou a ser o concelho em que foi identificado o maior número nas últimas 24 horas, com 58 novas infecções. É também o município com maior número total de casos detectados desde Março, com 3335.

Sintra (52 novos casos) Amadora (45 novos casos), Oeiras (26 novos casos), Loures (25 novos casos) e Cascais (22 novos casos) foram os restantes concelhos com maior número de novas infecções. Dos dez concelhos com mais casos identificados desde quinta-feira, apenas Reguengos de Monsaraz (17 novos casos) não faz parte da Área Metropolitana de Lisboa.

Champions” não está em risco, diz ministra

Questionada sobre um possível passo atrás na realização das eliminatórias em falta na Liga dos Campeões 2019-20 em Lisboa, Marta Temido disse que o Ministério da Saúde “não dispunha de informação” sobre possíveis contactos com a UEFA para dialogar sobre esta questão, mas referiu que a situação em Lisboa e Vale do Tejo está controlada.

“O que sabemos sobre a situação epidemiológica nacional, e mais concretamente sobre a região de Lisboa e Vale do Tejo, é que gostaríamos que existisse um menor números de novos casos por dia, mas a situação está controlada e implica medidas que tomamos nos últimos dias e mais concretamente ontem, mas é uma situação que continuamos a acompanhar”, referiu.

A ministra da Saúde disse ainda que não vê motivo para que qualquer das actividades previstas para os próximos meses em Lisboa, como é o caso da fase final da Liga dos Campeões, sofram alterações.

Infarmed tem assegurado existência nos hospitais do SNS

Sobre a utilização do remdesivir em pacientes infectados com covid-19, Marta Temido disse que é esperado que a Comissão Europeia dê luz verde à recomendação para autorização de comercialização no continente europeu (é o primeiro medicamento a ser recomendado) na próxima semana.

A ministra disse também que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed)​ tem assegurado a existência de um programa de acesso precoce para a utilização deste medicamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e, caso a Comissão Europeia autorize a comercialização, essa informação deverá ser actualizada pela Direcção-Geral da Saúde.

A directora-geral da Saúde confirmou, na conferência de imprensa, que os hospitais activaram o programa de acesso para doentes graves e que têm estado a utilizar o medicamento. Graça Freitas referiu ainda que o remdesivir tem sido usado na área pediátrica e que situação “correu bem”.

“Foi fácil o acesso ao medicamento, foi rápido, foi utilizado em tempo útil e o prognóstico foi bom. O processo tem funcionado até à data”, referiu.

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