Covid-19. Há mais sete mortes e 421 novos casos de infecção — o maior aumento desde 8 de Maio

Estão 394 pessoas internadas (mais 28 do que no dia anterior) e 65 em unidades de cuidados intensivos (mais dez do que na segunda-feira).

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Unidade de cuidados Intensivos do Hospital Beatriz Angelo Miguel Manso

Portugal registou esta terça-feira mais 421 casos de infecção pelo novo coronavírus (num total de 35.306), o que corresponde a um aumento de 1,2% — a maior subida, em termos totais e percentuais, desde 8 de Maio.

A 8 de Maio, Portugal registou 553 novos casos, o que correspondeu a uma taxa de crescimento de 2,1%. Seguiram-se depois 13 dias em que a percentagem permaneceu inferior a 1% e, durante cerca de um mês, esta taxa manteve-se sempre abaixo do valor actual (1,2%).

Foram registadas também esta terça-feira mais sete mortes, contabilizando-se um total de 1492 vítimas mortais.

Os dados foram divulgados esta terça-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que todos os dias é actualizado com a informação recolhida até à meia-noite do dia anterior.

A taxa de letalidade global da covid-19 em Portugal é actualmente de 4,2%, subindo para 17,4% acima dos 70 anos, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa diária sobre a pandemia.

Dos 421 novos casos registados, 386 reportam-se à região de Lisboa e Vale do Tejo, o que corresponde a 92% do total.

Já recuperaram da infecção 21.339 pessoas, mais 183 do que as registadas na segunda-feira. Há ainda 394 internadas (mais 28 do que no dia anterior) e 65 em unidades de cuidados intensivos (mais dez do que na segunda-feira).

Dos infectados, 96,8% está a ser acompanhado no domicílio. A taxa de internamento é de 3,2%, sendo que, deste número, 0,5% diz respeito aos pacientes em unidades de cuidados intensivos, acrescentou António Lacerda Sales.

Embora a região de Lisboa e Vale do Tejo continue a registar a maior parte dos novos casos, em termos absolutos e desde o início da pandemia, a região Norte continua a ser aquela com mais casos de infecção, com 16.967 casos e 809 mortes. Na região da capital regista-se um total de 13.608 casos e 408 óbitos, mais cinco mortes do que na segunda-feira.

Por concelhos, Lisboa concentra o maior número de casos (com 2700), seguindo-se Sintra (1701 casos), Vila Nova de Gaia (1592) e o Porto (1414).

Retirando ao total de infecções o número de mortes e de recuperados, há 12.475 casos de infecção ainda activos em Portugal — mais 231 do que na segunda-feira.

"Estratégia passa agora por seguir os casos activos"

O secretário de Estado da Saúde afirmou ainda, durante a conferência de imprensa, que 75% dos profissionais de saúde infectados com o novo coronavírus já recuperaram da doença, num total de 2727, sendo que os restantes 25% são considerados ainda casos activos.

Segundo António Lacerda Sales, a estratégia passa agora precisamente por seguir os casos activos, em vigor, e pela procura de novos casos. “Vamos estar atentos ao surgimento de eventuais novos focos”, afirmou.

Relativamente aos novos focos, a directora-geral da Saúde afirmou que o vírus ainda circula e que pode levar a uma maior transmissão quando atinge os locais de trabalho, ajuntamentos e habitações. “A epidemia não é uniforme em todo o país”, disse Graça Freitas, pelo que os focos que originaram novos casos vão continuar a ser seguidos.

A directora-geral da Saúde adiantou ainda que o surto de covid-19 na Azambuja está a extinguir-se, identificando outros pontos que podem ser de risco na região de Lisboa e Vale do Tejo. “Quero referir algo muito importante: os surtos são dinâmicos. Nestes casos de Lisboa e Vale do Tejo, trata-se de uma população jovem, saudável e com doença ligeira. Tendem a recuperar rapidamente. O foco da Azambuja está em resolução”, explicou Graça Freitas, sublinhando que “as pessoas foram isoladas” e que “a maior parte dos casos está em resolução”, pelo que o foco “tenderá a extinguir-se”. O que “não quer dizer que não haja outros focos mais activos”, dispersos e “muitos” deles “associados a obras e empresas de trabalho temporário de recolha de frutas” e “outros em lares”. São estes “múltiplos focos ligados a múltiplas actividades”, notou.

Remdesivir foi usado em pacientes infectados

A directora-geral da Saúde adiantou também que o fármaco remdesivir foi usado em pacientes infectados com covid-19: “Confirmo que já foi utilizado em Portugal em pessoas internadas em estado grave. Chama-se utilização compassiva. É pedida uma utilização especial e o medicamento é utilizado em ocasiões excepcionais em que a gravidade clínica do doente justifica”, disse.

Ensaios clínicos mostraram que o fármaco poderá ajudar na aceleração da recuperação dos pacientes infectados com o novo coronavírus.

Regresso do público no futebol “não está a ser equacionado"

Questionada sobre o regresso de público aos estádios, Graça Feitas explicou que não há intenção de que isso aconteça até ao final da temporada. “Neste momento, não está a ser equacionado o regresso de público ao estádio durante esta temporada. Não se perspectiva que haja uma alteração da decisão. Tanto quanto saiba, é o que se está a passar em campeonatos da Europa. Somos muito cautelosos, temos tido um diálogo profícuo e profundo com a Federação Portuguesa de Futebol. Temos trabalhado conjuntamente para que o sector, tão importante para a nossa actividade económica, se mantenha em funcionamento”, explicou a directora-geral da Saúde, num momento em que restam nove jornadas até ao final do campeonato.

Graça Freitas defendeu ainda a reabertura dos centros comerciais em Lisboa, anunciada esta terça-feira pelo primeiro-ministro. “Parece-me que estão criadas condições para que possam abrir. A grande maioria dos casos positivos em Lisboa e Vale do Tejo estão identificados. As autoridades têm trabalhado com estas pessoas para que elas percebam o risco na propagação da doença. Tem havido grande diálogo para que as pessoas se abstenham de vir para o exterior das residências. Estes centros comerciais vão abrir com regras muito restritas de circulação de pessoas. Desde que sejam cumpridos estes fluxos, não me parece que exista um risco muito grande de transmissão da doença”, referiu.

Já o secretário de estado da Saúde destacou que se vai assistir a uma retoma gradual da actividade assistencial nos hospitais, mantendo-se as devidas condições de segurança e assegurando-se também circuitos separados. Prevê-se que “a procura destes cuidados venha a aumentar”, afirmou, sublinhando novamente que vão ser contratados mais 2900 profissionais de saúde, como já era sabido.

​"É preciso que as pessoas não tenham medo e se dirijam aos serviços”, disse António Lacerda Sales, insistindo que é necessário “com a maior celeridade possível recuperar a actividade assistencial”.

Na segunda-feira registaram-se 192 novos casos e, desses, 78% foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Nesse dia foram ainda reportadas mais seis mortes e mais 161 pessoas recuperadas da doença.

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