PJ inquire novas e antigas testemunhas no caso Maddie

Autoridades alemãs deram origem à nova linha de investigação que aponta para o envolvimento no caso de um alemão de 43 anos que se encontra preso na Alemanha. Perícias feitas a carrinha que terá sido usada pelo suspeito no Algarve detectam vestígios que apontam para uma ligação ao caso Maddie.

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Reuters

A Polícia judiciária e o Departamento de Investigação e Acção Penal de Faro têm estado a ouvir novas e antigas testemunhas no caso de Madeleine McCann, desaparecida em Maio de 2007, na Praia da Luz, no Algarve.

Isso mesmo confirmou o PÚBLICO junto de fontes ligadas à investigação e é assumido pelo Ministério Público de Faro, num comunicado divulgado esta quarta-feira à noite. “O processo encontra-se em investigação, com diligências em curso, designadamente, inquirição de testemunhas”, lê-se nota.

Esta nova linha de investigação, que aponta para o alegado envolvimento de um cidadão alemão de 43 anos, que está preso naquele país, surgiu por iniciativa das autoridades germânicas e vem dar consistência a elementos que já faziam parte do processo. Havia referências a este indivíduo, mas este ainda não tinha sido identificado.

O suspeito, que segundo a PJ possui antecedentes criminais, já foi acusado de vários crimes, entre eles “abuso sexual de crianças”, segundo informações oficiais da polícia alemã.

Vários indícios que tem vindo a ser recolhidos por polícias nacionais e estrangeiras permitiram transformar as referências em suspeitas, mas as autoridades portuguesas acreditam que ainda é muito cedo para perceber se esta nova linha de investigação trará de facto um desfecho a este caso.

As autoridades alemãs pediram a Portugal para fazer perícias numa carrinha Volkswagen T3 Westfalia branca cuja imagem foi divulgada esta quarta-feira pela Polícia Metropolitana de Londres e que terá sido usada como abrigo pelo suspeito, nos períodos em que este viveu no Algarve entre 1996 e 2007. Este veículo, de matrícula portuguesa, encontra-se na Alemanha e as perícias terão permitido recolher vestígios que podem ligar o suspeito a Madeleine McCann.

Foi igualmente distribuída pela polícia inglesa a imagem de um carro, um Jaguar, modelo XJR 6, com matrícula alemã e registada naquele país, cujo paradeiro se desconhece. “Acredita-se que o carro terá estado na Praia da Luz e em áreas próximas em 2006 e 2007. O carro estava originalmente registrado no nome do suspeito. A 4 de Maio de 2007, o dia seguinte ao desaparecimento de Madeleine, a viatura foi registada no nome de outra pessoa na Alemanha”, lê-se no comunicado das Scotland Yard, divulgado esta quarta-feira. E acrescenta-se: “Acreditamos que o carro ainda está em Portugal e solicitamos informações se o virem”. As autoridades portuguesas apenas referem que desconhecem o paradeiro desta viatura.

Esta quinta-feira, o Ministério Público de Braunschweig, na Alemanha, fez uma declaração à imprensa, onde diz acreditar que Maddie está morta. “Gostava de começar por dizer que na investigação do desaparecimento da criança britânica Madeleine McCann, com três anos, da Praia da Luz, no Algarve, assumimos que a menina está morta,” afirmou Christian Wolters, procurador e porta-voz, durante uma declaração à imprensa sem direito a perguntas.

Na quarta-feira, o investigador Christian Hoppe, do Bundeskriminalamt (BKA), o Departamento Federal de Polícia Criminal da Alemanha, revelou que Madeleine McCann pode ter sido alvejada quando o suspeito assaltava o apartamento da família e que possa estar morta.

Numa entrevista à estação televisiva ZDF, Hoppe não descarta ainda assim o sequestro da criança, nem um ataque provocado por motivos sexuais, mas sublinha que a investigação indica que “a criança está morta”. “Não podemos excluir essa possibilidade. Mas também é possível que o suspeito, depois de uma intenção inicial de roubo, tenha depois cometido um crime sexual”, avançou.

O investigador acrescenta que o homem, agora investigado pelas autoridades de Portugal, Reino Unido e Alemanha, está a cumprir pena de prisão por crimes sexuais contra menores e delitos de droga. “Além do infractor inicial, pode haver outros que souberam do crime, da localização do corpo de Maddie ou até que tenham participado”, respondeu, quando questionado sobre a existência de cúmplices.

Num comunicado oficial do BKA, refere-se ainda que “outras evidências sugerem que [o suspeito] cometeu vários crimes, incluindo roubo em cadeias de hotéis e casas de férias, e tráfico de drogas”.

Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer quatro anos, a 3 de Maio de 2007, do quarto onde dormia com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.

O processo de investigação de Maddie foi arquivado em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, e um outro britânico, Robert Murat. Mas acabou por ser reaberto em 2013, tendo surgido desde então algumas linhas de investigação que se revelaram sempre infrutíferas. Com Lusa

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