Protestos pela morte de George Floyd chegam junto à Casa Branca

Foi imposto o recolher obrigatório em muitas cidades, o mais vasto desde a morte de Martin Luther King, mas investigadores argumentam que essa está longe de ser a melhor solução.

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No sexto dia de protestos por causa da morte às mãos da polícia de Minneapolis de George Floyd, um afro-americano que era suspeito de ter pago com uma nota falsa de 20 dólares, houve incêndios em Washington D.C, até bem perto da Casa Branca. Não valeu de muito a imposição de recolher obrigatório em vários estados norte-americanos - os protestos e motins estenderam-se a cerca de 140 cidades. 

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No sexto dia de protestos por causa da morte às mãos da polícia de Minneapolis de George Floyd, um afro-americano que era suspeito de ter pago com uma nota falsa de 20 dólares, houve incêndios em Washington D.C, até bem perto da Casa Branca. Não valeu de muito a imposição de recolher obrigatório em vários estados norte-americanos - os protestos e motins estenderam-se a cerca de 140 cidades. 

Na Califórnia, em Boston, Nova Iorque e na capital, houve confrontos violentos com a polícia e em Minneapolis, o epicentro do protesto, um camião avançou contra uma multidão de manifestantes - o condutor foi detido. Foram impostos recolheres obrigatórios em 39 cidades e condados.

Em Minneapolis, onde George Floyd morreu, houve confrontos entre polícia e manifestantes pela madrugada dentro, apesar do recolher obrigatório, que tem sido ignorado. O mesmo ocorreu em Salt Lake City, Los Angeles, Filadélfia, entre outras cidades. É o maior número de ordens de recolher obrigatório desde 1968, depois da morte do activista Martin Luther King Jr., um dos maiores símbolos da luta pelos direitos dos afro-americanos nos Estados Unidos.

Aumentar

Os protestos arrancaram precisamente em Minneapolis, depois de George Floyd, um homem afro-americano, ter sido sufocado pelo polícia Derek Chauvin. Há protestos por todo o país e até internacionalmente se espalham mensagens contra o racismo.

À Vox, uma investigadora de justiça criminal no Barnard Center for Research on Women, Andrea Ritchie, argumenta que o recolher obrigatório poderá fazer exactamente o contrário daquilo que pretende: dispersar os manifestantes. “O que sabemos é que o recolher obrigatório aumenta a oportunidade para intervenções policiais e agressividade policial”, diz Ritchie.

A resposta das autoridades pode ser contraproducente, argumenta Andrea Ritchie. “Se a fonte da revolta e da resistência é a violência policial, então impor um recolher obrigatório que cria mais oportunidades para a violência policial não é definitivamente a resposta”.

Também Alex Vitale, professor de Sociologia e coordenador do Projecto de Justiça Social e Policiamento da Universidade de Brooklyn (também em Nova Iorque), apontou que “o recolher obrigatório é uma ferramenta rasa, que só deve ser usada esporadicamente e em último recurso”. Disse ainda à Vox que a intervenção de autoridades com jurisdição nacional, como a Guarda Nacional ou mesmo o exército, pode aumentar ainda mais a tensão por “não haver familiaridade com estas comunidades”.

Quatro mil detenções

A Guarda Nacional foi chamada a intervir em pelo menos 21 estados. Em Santa Mónica (Califórnia) e Boston (Massachusetts), os protestos começaram de forma pacífica mas evoluíram para formas mais agressivas. Perto da Casa Branca, em Washington D.C., o fumo dos fogos misturou-se com o gás lacrimogéneo e os protestos obrigaram o Presidente Donald Trump a refugiar-se no seu bunker.

No total, foram detidas pelo menos 4100 pessoas, segundo uma contagem da agência de notícias Associated Press. As detenções foram feitas não só durante motins e as pilhagens e pelo incumprimento do recolher obrigatório, mas também em bloqueios nas estradas

No Twitter, repetem-se as partilhas de vídeos dos protestos, demonstrando especialmente uma forte violência policial para com manifestantes pacíficos. 

Também os jornalistas têm sido alvo da polícia nos protestos. O episódio da detenção de Omar Jimenez e do resto da equipa da CNN que o acompanhava, na sexta-feira, tornou-se num símbolo das dificuldades que os jornalistas enfrentam nos protestos

Trump quer criminalizar anti-fascistas

Num tweet, Donald Trump anunciou que pretende classificar o movimento ANTIFA (anti-fascista) como uma organização terroristaO movimento ANTIFA, no entanto, não é uma entidade por si própria, juntando antes várias organizações. Nas manifestações antifascistas são empregues várias tácticas, incluindo algumas mais agressivas.

Trump atribui responsabilidade pelos motins e pelas pilhagens ao movimento, dizendo que os protestos são coordenados e culpabilizou os meios de comunicação social por ajudarem a atiçar as chamas. Segundo o Presidente, os media “estão a fazer tudo para fomentar o ódio e a anarquia”.

Donald Trump também pediu aos estados e às cidades para “bloquearem totalmente os anarquistas de esquerda radical” e elogiou o trabalho da Guarda Nacional nos protestos. “Parabéns à nossa Guarda Nacional pelo excelente trabalho que fizeram imediatamente após a sua chegada a Minneapolis, Minnesota, ontem [sábado] à noite”, escreveu.

Texto editado por Clara Barata