Morte de George Floyd: Minnesota mobiliza maior contingente da Guarda Nacional

Depois dos motins de sexta-feira, muitas cidades nos EUA preparam-se para uma jornada ainda mais violenta. Há apelos à calma. Departamento de Estado diz à polícia militar para se preparar. E Trump diz que o Exército está pronto.

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Reuters/CHRISTIAN MANG

Antecipando a pior noite de protestos, e motins, devido à morte de George Floyd, governadores e presidentes de câmara das cidades dos Estados Unidos pediam neste sábado aos cidadãos para se conterem e, ao mesmo tempo, preparavam-se para o embate. Em Minneapolis, onde Floyd morreu na segunda-feira, esperavam-se os maiores protestos da semana, e o governador do Minnesota, Tim Walz, accionou o maior destacamento da história de 164 anos da Guarda Nacional. O Departamento de Estado disse à polícia militar para se preparar.

Numa conferência de imprensa na tarde deste sábado, Walz disse que a polícia enfrentou engenhos explosivos e considerou que a vaga de violência já deixou de ser uma reacção de protesto à morte de Floyd, que na segunda-feira foi interceptado por quatro polícias em Minneapolis, todos brancos, tendo um deles posto um joelho sobre o seu pescoço. “Não consigo respirar”, foram as últimas palavras de Floyd, um afro-americano, que morreu.

“Há sensibilidade para considerar legítima a raiva que se seguiu ao assassínio de George Floyd, que o mundo inteiro testemunhou, [essa raiva] foi manifestada de forma saudável na terça-feira à noite e esteve, em certa medida, presente na quarta-feira. Mas na quinta tinha desaparecido e a noite de sexta foi uma piada a pretender que isto era sobre a morte de George Floyd ou sobre desigualdades ou traumas históricos”, disse Walz, que é do Partido Democrata.

Walz disse que os manifestantes se devem preparar para haver detenções, se a violência regressar. Já há gente nas ruas, pedindo justiça para George Floyd.

Em Nova Iorque, o governador Andrew Cuomo tentou também apelar ao protesto pacífico. A violência, disse, “torna a mensagem obscura”. 

Depois de violentos confrontos entre manifestantes e polícia no seu estado, Cuomo disse entender a “indignação” sobre a morte de George Floyd os polícias foram despedidos e o do joelho, Derek Chauvin, foi acusado de homicídio , mas frisou que “a violência leva as pessoas falarem da violência mas não das causas da violência”. 

A revolta alastrou na sexta-feira à noite a 30 cidades e, em Detroit, um manifestante de 19 anos foi morto por disparos contra a multidão feitos a partir de um carro. Como noutros lugares, da Georgia (onde foi declarado o estado de emergência) à Carolina do Norte, passando pela capital federal, Washington D.C., lojas foram destruídas, equipamento foi incendiado e houve confrontos com a polícia. 

A Guarda Nacional está em prevenção em vários estados e o Exército foi accionado. 

Num tweet que entretanto foi apagado, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que os protestos em frente da Casa Branca na sexta-feira à noite foram encomendados e pagos.

“Eles organizaram profissionalmente os supostos ‘protestos’ na Casa Branca que nada tinham a ver com a memória de George Floyd,”, escreveu. “Só estavam ali para criar problemas”. O tweet terminava com “HOJE VAI SER GRANDE NOITE NA CASA BRANCA”, que alguns não entenderam, e outros entenderam como um apelo a uma contra-manifestação.

Já neste sábado, Trump disse que os manifestantes que se os manifestantes tivessem penetrado no recinto da Casa Branca teriam sido recebidos por “cães ferozes”. 

E, perante a possibilidade de, de costa a costa, eclodirem novos motins, Trump disse que as forças de segurança em Minneapolis “têm que ser mais duras” e que o exército “está pronto” para lhes dar assistência.

“Temos os nossos militares prontos, se eles quiserem chamar o nosso exército. Podemos pôr tropas no terreno muito rapidamente se quiserem a intervenção dos nossos militares”, disse o Presidente dos EUA, citado pela CNN. 

O General Surgeon, equivalente a ministro da Saúde, Jerome Adams, disse que não há “receita para curar a nação ou para tirar a dor que as pessoas estão a sentir”. “É uma dor que também sinto, porque também sou negro”, escreveu no Twitter. Os Estados Unidos, acrescentou, têm que “reconhecer e solucionar o impacte do racismo na saúde”.

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