Renault elimina 15 mil postos de trabalho

Empresa detida em 15% pelo Estado francês pediu um empréstimo de cinco mil milhões de euros com garantia pública que ainda não foi assinado.

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A Renault registou em 2019 os primeiros prejuízos em dez anos Reuters/Christian Hartmann

A fabricante de automóveis francesa Renault anunciou na quinta-feira aos sindicatos que vai cortar 15 mil postos de trabalho nas suas fábricas, dos quais 4600 em França. O objectivo da medida é uma redução de custos fixos de dois mil milhões de euros em três anos.

Num comunicado divulgado esta sexta-feira, a directora-geral, Clotilde Delbos, considerou que se trata de “um projecto vital” para a ajustar a capacidade de produção da empresa a um mercado praticamente paralisado e garantir “uma nova competitividade”. O objectivo é reduzir a capacidade de produção mundial de quatro milhões de veículos em 2019, para 3,3 milhões até 2024.

O Liberation adianta que o corte representa 8% da força de trabalho da Renault (180 mil pessoas). O grupo pretende eliminar estes empregos através de “medidas de reconversão [profissional], de mobilidade interna e rescisões voluntárias”. 

A fabricante, que registou em 2019 o primeiro prejuízo anual em dez anos (141 milhões de euros), emprega 1400 pessoas na fábrica de Cacia, em Aveiro, onde a produção foi suspensa em Março, depois de ser declarado o estado de emergência.

O anúncio do mega plano de redução de empregos surge depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado esta semana um plano de recuperação do sector automóvel, que representa 400 mil empregos no sector industrial e 900 mil no sector dos serviços.

As vendas de automóveis caíram a pique – estima-se que cerca de 80% –, levando Macron a avançar com um plano de apoio ao sector considerado “histórico”, com medidas avaliadas em oito mil milhões de euros.

A maior fatia deste plano é o empréstimo de cinco mil milhões de euros com garantias públicas pedido pela Renault para fazer face à crise. O Estado francês é o maior accionista individual da empresa, com 15% do capital.

Segundo o Le Monde, os rumores crescentes de que a empresa se preparava para fechar unidades em França levaram já Macron a exigir garantias quanto ao futuro dos trabalhadores, e a advertir que um empréstimo garantido pelo Estado não avançará antes de conversações no início da próxima semana.

No comunicado referente aos resultados do primeiro trimestre, divulgado em Abril, a fabricante francesa confirmou que suspendeu a actividade comercial e industrial em praticamente todos os países em que está presente no mês de Março e anunciou o cancelamento do dividendo relativo a 2019.

As vendas do primeiro trimestre – que ainda não reflectem por completo o impacto da crise – caíram 26%, para cerca de 673 mil unidades, face ao período homólogo. A facturação reduziu-se em 19% para 10 mil milhões de euros.

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