Ex-presidente do PSD-Açores é suspeito de financiamento ilegal de campanha eleitoral

Tanto o tribunal como o próprio Duarte Freitas pediram esta quinta-feira o levantamento da imunidade parlamentar. O primeiro quer constituí-lo arguido; o ex-líder do PSD/Açores quer esclarecer eventuais irregularidades na campanha eleitoral de 2016.

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Duarte Freitas, ex-líder do PSD-Açores D.R.

O pedido de levantamento da imunidade parlamentar do antigo líder do PSD-Açores Duarte Freitas, que será votado esta semana no parlamento dos Açores, diz respeito à possível “prática do crime de financiamento ilícito de campanha eleitoral”.

De acordo com o parecer divulgado esta quinta-feira pela comissão parlamentar de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho do parlamento dos Açores, o pedido do Tribunal Judicial da Comarca dos Açores - Juízo de Instrução Criminal de Ponta Delgada, deu entrada na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores em 7 de Maio.

O pedido de levantamento da imunidade parlamentar de Duarte Freitas, refere o parecer, foi feito a fim de o social-democrata “ser constituído arguido e ser interrogado”, no âmbito de um processo “que corre termos no Departamento de Investigação e Acção Penal - 5.ª Secção de Ponta Delgada, da Procuradoria da República da Comarca dos Açores”.

Também esta quinta-feira, o antigo líder do PSD-Açores disse ter pedido precisamente à Assembleia Legislativa Regional o levantamento da sua imunidade parlamentar para “esclarecer” e exercer o “contraditório” junto do Ministério Público sobre as referidas eventuais irregularidades na campanha eleitoral em 2016.

A Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que funciona junto do Tribunal Constitucional, fiscalizou as contas das campanhas eleitorais dos partidos nas legislativas regionais e considerou que “todos os partidos” com eleitos no parlamento dos Açores, tinham “contas prestadas com irregularidades”, lembra o social-democrata.

“Apesar de cada partido ter, obrigatoriamente, uma estrutura de campanha, como presidente do PSD-Açores à altura das eleições de 2016, solicitei o levantamento da minha imunidade para cabal esclarecimento e contraditório sobre eventuais irregularidades junto do Ministério Público”, declarou Duarte Freitas em nota enviada à agência Lusa.

Segundo Duarte Freitas, a sua decisão “prende-se com um objectivo de transparência e de credibilidade dos políticos” e para “dar o exemplo de como devem ser encaradas estas questões”.

No relatório da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos relativo às contas da campanha eleitoral, apresentadas pelo PSD, para as eleições da Assembleia Legislativa dos Açores, realizadas em 16 de Outubro de 2016, concluiu-se que “há acções e meios não reflectidos nas contas de campanha”, numa “eventual subavaliação de despesas e receita”.

O relatório aponta que “não foi disponibilizada ao Tribunal Constitucional a prova do encerramento da conta bancária”, nem todos os extractos bancários, tendo-se “verificado a existência de despesas pagas por terceiros”.

O PPD-PSD, no âmbito das actividades desenvolvidas na campanha eleitoral, registou uma receita de 441.391,03 euros e uma despesa no montante de 495.752,98 euros, o que revela um resultado negativo de 54.361,95 euros.

Em 2012, na anterior eleição para a Assembleia Legislativa dos Açores, ocorrida em 14 de Outubro de 2012, a receita e a despesa total foram de 938.737,91 euros, sendo que o financiamento das despesas da campanha foi assegurado através de subvenção estatal de 226.288,92 euros e por contribuições do partido, no montante de 215.102,11 euros.

Duarte Freitas foi eleito líder do PSD-Açores em Dezembro de 2013, tendo abandonado a presidência do partido em Outubro de 2018.

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